Venda e produção de veículos caíram quase pela metade em 4 anos

como-e-produzido-um-carroO Brasil vende e produz atualmente pouco mais do que a metade dos veículos que nos tempos de auge da indústria, no início da década. Em 2 anos, deixou de ser o 4º maior mercado de carros do mundo, caindo para a 10ª posição.

De janeiro a setembro deste ano, as montadoras entregaram 45,7% menos carros, caminhões e ônibus do que no mesmo período de 2013, que foi o último com recorde da produção antes da crise, segundo dados da associação das fabricantes, a Anfavea.

Nos primeiros 9 meses deste ano, saíram das fábricas 1,55 milhão de unidades contra 2,86 milhões em 2013. Até setembro, o nível deste ano para a produção era o pior desde 2003, diz a Anfavea. Ou seja, a crise fez a indústria automobilística brasileira recuar 13 anos.

De 4º para 10º maior mercado
O movimento é consequência direta da queda nas vendas de veículos novos, que acontecem pelo 4º ano seguido. De janeiro a setembro, o volume de emplacamentos foi 46% menor do que o mesmo período de 2012, quando houve o último marco histórico.

Naquele ano, foram vendidos 2,789 milhões de carros, caminhões e ônibus até setembro; neste ano, 1,5 milhão, que equivale ao nível de 2006.

Com quase 4 milhões de emplacamentos no total, o Brasil terminou 2012 como o 4º maior mercado de carros mundo, à frente da Alemanha e perdendo apenas para China, Estados Unidos e Japão.

Essa posição foi conquistada em 2010 e mantida até 2014. Em 2015, o país caiu para 7º em vendas, superado por Alemanha, Índia e Grã-Bretanha.

Neste ano é o 10º da lista, atrás ainda de França, Itália e Canadá, considerando dados até agosto da consultoria Jato Dynamics, especializada no setor automotivo.

No ranking mundial de produção, o Brasil foi o maior da América Latina de 2003 até 2014, quando perdeu o posto para o México, que atraiu diversas montadoras graças a acordos comerciais e à proximidade geográfica com os EUA.

Em 2013, a indústria brasileira chegou a ser a 5ª maior produtora de veículos do mundo; em 2015, caiu para o 9º lugar.

Capacidade recorde
Apesar de a indústria automotiva ter, atualmente, sua maior capacidade produtiva da história, para 5 milhões de veículos anuais, as fábricas só têm usado metade desse potencial, segundo a Anfavea.

Elas empregavam, em setembro, 124,6 mil pessoas, o menor nível desde 2013.

Fundo do poço já foi
Analistas ouvidos pelo G1 acreditam, no entanto, que o pior da crise para o mercado automotivo já passou. “O terceiro trimestre (deste ano) foi o fundo do poço”, diz João Morais, da Tendências Consultoria. “O quarto já deve mostrar resultados positivos, mas na comparação com o trimestre anterior.”

Para 2017, a consultoria projeta alta de 8% nas vendas de carros e comerciais leves (picapes e furgões) e 17,3% para caminhões e ônibus. “Mas esse crescimento, é bom lembrar, é sobre uma base fraca, que é 2016.”
Rafael Abe, da Jato Dynamics Brasil, também concorda que “o pior já passou”, mas acredita que o mercado só vai conseguir repetir o nível de 2015, “que já não foi bom”, em 2019 ou 2020.

“É difícil fazer projeção de vendas em um mercado em crise, principalmente no longo prazo. Por isso a Fenabrave e Anfavea têm revisado tanto as previsões”, explica. “Temos que aguardar os próximos acontecimentos do mercado, a evolução da economia, da taxa de juros.”

Vai voltar ao auge?
Volta ao áureo patamar de quase 4 milhões de veículos vendidos levará “décadas”, na opinião de Morais.

Para ele, o “boom” do início dos anos 2010 ocorreu de forma natural inicialmente, seguindo um ciclo positivo da economia. Porém, nos anos finais do ciclo, esse crescimento foi “anabolizado” por medidas do governo, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

“A partir de 2011, quando o PIB (Produto Interno Bruto) já não mostrava um crescimento tão robusto assim e o mercado de trabalho já mostrava esgotamento, o governo dobrou a aposta em um modelo de crescimento baseado no consumo, então teve o endividamento das famílias”, relembra.

“Ainda acreditamos muito no Brasil, que temos um potencial para superar estes números do passado. Mas não temos bola de cristal. Se o mercado retomar, acreditamos que pode ser em poucos anos”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea, sobre voltar a alcançar os picos históricos de vendas e produção .

O futuro
Para os analistas, é preciso que a indústria automotiva brasileira se volte também à exportação.

“Foi um um erro do passado (não dar atenção ao mercado externo). As montadoras estão se preparando agora, por necessidade”, observa Morais.

Abe alerta que ainda há um longo caminho a ser percorrido até que o Brasil tenha competitividade para ser um pólo exportador de veículos.

“É preciso rever a cultura. Atualmente só podemos exportar a mercados mais limitados. Falta investimento em tecnologia”, conclui.

 

*G1

 

mapron



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