É notório que o carnaval de Salvador, do modo que conhecemos hoje, perdeu suas principais características. Essa deformidade entre o que deveria ser a festa de rua do povo e o que os grandes empresários da música fizeram, foi danoso ao processo de sustentação do axé que, segundo dizem, enfrenta uma das maiores crises.
Na contra mão do que a indústria da música tem forçado, colocando nas paradas de sucesso de todo o Brasil baladas sertaneja, que já despontam como grandes destaque também no carnaval da terra da Axé Music, Armandinho, Aroldo Macêdo e Octávio Aguiar apresentam, juntos, a composição “Pra que corda?”. Além de uma letra de protesto, frente ao cenário atual do carnaval da Bahia, a melodia nos remete aos tempos do auge do axé, onde a música era feita do povo, para o povo. E comemorada em uma mistura bem intimista com quem estava no trio elétrico levando alegria.
A corda, como instrumento de segregação e o trio, como vemos hoje, carregam estrelas. Tão intocáveis e tão distantes do povo. Distantes ao ponto de esquecerem que, sem o povo, nenhuma estrela da música consegue manter-se em brilho.
Ouça a música:
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