“Estamos caminhando para a censura ou ela sempre permaneceu?” – Por Carine Oliveira

Como você se sentiria se fosse muito apaixonado por alguém e de repente fosse cerceado por uma lei que gostaria de determinar suas regras de orientação sexual e que qualquer postura destoante dessas regras você fosse taxado como “doente” e então fosse propostos critérios de tratamento? Por que tanta preocupação com a orientação sexual? Estamos caminhando para um retorno a Censura? Ou ela sempre permaneceu?

Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) “Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual” através da RESOLUÇÃO CFP N° 001 DE 22 DE MARÇO DE 1999.  Nesta resolução havia citações como:

  • Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.
  • A homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão.

Em 1935, Freud escreve uma carta para a mãe de um homossexual segue alguns trechos:

“Não tenho dúvidas que a homossexualidade não representa uma vantagem, no entanto, também não existem motivos para se envergonhar dela, já que isso não supõe vício nem degradação alguma”

“Não pode ser qualificada como uma doença e nós a consideramos como uma variante da função sexual, produto de certa interrupção no desenvolvimento sexual. Muitos homens de grande respeito da Antiguidade e Atualidade foram homossexuais, e dentre eles, alguns dos personagens de maior destaque na história como Platão, Miguel Ângelo, Leonardo da Vinci, etc. É uma grande injustiça e também uma crueldade, perseguir a homossexualidade como se esta fosse um delito. Caso não acredite na minha palavra, sugiro-lhe a leitura dos livros de Havelock Ellis.”

“Ao me perguntar se eu posso lhe oferecer a minha ajuda, imagino que isso seja uma tentativa de indagar acerca da minha posição em relação à abolição da homossexualidade, visando substituí-la por uma heterossexualidade normal. A minha resposta é que, em termos gerais, nada parecido podemos prometer”

A análise pode fazer outra coisa pelo seu filho. Se ele estiver experimentando descontentamento por causa de milhares de conflitos e inibição em relação à sua vida social a análise poderá lhe proporcionar tranquilidade, paz psíquica e plena eficiência, independentemente de continuar sendo homossexual ou de mudar sua condição.”                                                                                                                                                                        Sigmund Freud

Diante dessa publicação, onde destaco o ano de publicação (1935), é estranho em pleno século XXI, ainda haver este tipo de discussão: a necessidade de um Conselho profissional se pronunciar sobre postura de atendimento diante da homossexualidade e ainda haver uma liminar que aprove que este Conselho não interprete de modo a impedir os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional pertinente à (re) orientação sexual, e que garanta a liberdade científica sem qualquer censura.

A maioria dos indivíduos tem conflitos relacionados à sua sexualidade e são muitos os conflitos, que essas pessoas possam ser atendidas por profissionais capacitados para atuar com esta temática, independente da sua orientação e cada vez mais menos rótulos sejam utilizados no atendimento.



Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia