Muritiba: Professor de futebol colocou arma na cabeça de adolescente para praticar o estupro, diz pai

Foto: Aldo Matos/ Acorda Cidade

O pai de um dos adolescentes que foram vítimas de estupro enquanto participava de um campeonato de futebol na cidade de Muritiba relatou ao Acorda Cidade como o filho de 17 anos foi coagido e violentado pelo técnico do time que participava. As informações são do Acorda Cidade, parceiro do Blog do Valente.

O crime aconteceu na última sexta-feira (27), e nesta segunda-feira o caso foi denunciado pelos advogados dos familiares e da vítima, que logo após foram encaminhados e prestaram depoimento no Complexo de Delegacias do bairro Sobradinho. E o jovem realizou o exame de corpo de delito.

De acordo com Cícero Everton de Lima, pai de um dos adolescentes convocados para jogar no campeonato em Muritiba, o filho passou por uma peneira realizada pelo acusado em Feira de Santana, em um espaço esportivo da cidade. Neste dia, 35 atletas com idades entre 13 e 17 anos foram selecionados.

“Foram vários jovens lá para serem selecionados. Depois que foram selecionados, o professor que estava lá como responsável do time pediu uma taxa de R$ 300 por cada aluno, no total de 35 alunos, que seria para alimentação e as despesas na cidade. A gente pagou, deu a autorização e eles viajaram para Muritiba no dia 21. O campeonato começou na segunda-feira, e jogaram o primeiro e o segundo jogo. Na quarta-feira teve jogo, mas meu filho não participou, nem na quinta. De quinta para sexta, teve o jogo do Sub-17, e o professor mandou o time ir, porém excluiu meu filho e mais dois atletas. Mandou outro professor com os atletas e ficou com os três no alojamento”, relatou o pai ao Acorda Cidade.

Conforme o pai da vítima, o professor mandou os outros dois jovens saírem do alojamento e foi neste momento que ele tentou o abuso pela primeira vez, mas o jovem não aceitou.

“Ficaram lá o professor e os outros três alunos, inclusive meu filho, e ele usou da esperteza de mandar os outros dois saírem para comprar alguma coisa, e chamou meu filho para uma sala reservada e falou que ele só seria aprovado se tivesse relações com ele. Meu filho pegou o celular depois de um tempo e mandou mensagem para mim, mandando eu ir buscá-lo, que estava desistindo, pois o professor era pedófilo. Só que o professor conseguiu pegar o telefone dele e viu a mensagem que tinha mandado para mim. Nesse intervalo, o professor fez ele ligar para mim novamente, já de junto dele com a arma de fogo, e fez ele falar que tinha sido um trote, porque um olheiro tinha visto ele, e o professor foi dar a notícia e que ele iria ter um contrato de R$ 22 mil, e que o professor já estava assinando tudo”, contou.

Vítima pediu ajuda ao pai após assédio de professor de futebol — Foto: Reprodução

Enquanto o filho falava ao telefone, o pai percebeu haver algo estranho e disse que iria buscar o jovem de qualquer maneira. Após finalizar a ligação, o acusado praticou o estupro contra o adolescente.

“Ele estava falando isso e o professor estava do lado escutando tudo, com a arma na cabeça dele. Só que eu conheço meu filho e disse que independente de qualquer coisa eu iria buscá-lo. Ele desligou o telefone, e nesse intervalo, o professor violentou meu filho dentro da sala da secretaria com a arma em punho. Quando eu estava pegando o carro para me deslocar para lá, o Conselho Tutelar me ligou dizendo que tinha encontrado meu filho na praça sentado, juntamente com outro professor que foi atrás dele e um rapaz que tomava conta do colégio. Eles acionaram o Conselho Tutelar, que pegou meu filho e levou para Santo Antônio de Jesus para darem a queixa e fazer o Boletim de Ocorrência, só que não conseguiram fazer o exame de corpo de delito no próprio dia, porque não tinha delegado.”

De acordo com Cícero Everton, ele e o filho permaneceram em Muritiba para realizar o exame de corpo de delito, mas não conseguiram.

“O Conselho Tutelar passou para mim que estava marcada para 14h do dia seguinte, para fazer o exame de corpo de delito. A gente ficou lá o dia todo, amanhecemos o dia, e não tinha ninguém para prestar apoio à gente lá, nem Polícia Militar, Civil, prefeitura, não teve ninguém. Ficamos sem comer, sem beber, nem tomar um banho. Simplesmente deixaram a gente lá, e o exame estava marcado para as 14h, e eu como pai da vítima cheguei primeiro que o Conselho Tutelar, que chegou quase 16h.”

Segundo o pai do jovem violentado, outras crianças e adolescentes passaram pela mesma situação.

“Teve outros adolescentes que também passaram por isso, que meu filho relatou. Teve outras crianças, inclusive as menores, que ele pegava e queria que dormissem na secretaria com ele. Meu filho tem 17 anos. Na verdade, tinham dois filhos meus lá, um de 17 e um de 13. Foram dois, porém o caso aconteceu com o mais velho. Um sonho frustrado que um canalha desse usa, com o nome de professor, para poder cometer esses crimes. E como ele tem 8 anos nesta função deve ter outros casos, mas ninguém teve coragem de denunciar. Essa peneira selecionou 35 atletas. Ele mesmo fez a peneira e ele mesmo aprovou, alugou ônibus. E até agora não entendi como ele conseguiu esse espaço público lá na cidade, em Muritiba, não tem documento, não tem nada, e não tinha vigia. Simplesmente a prefeitura deu a chave do colégio e não tinha responsável nenhum, ele que controlava quem entrava e quem saia”, informou.

O delegado da 1ª Coorpin (Coordenadoria de Polícia Civil), Roberto Leal, explicou que recepcionou os familiares das vítimas na delegacia, colheu os depoimentos para registro da ocorrência, e encaminhou para o exame de corpo de delito, mas o caso será remetido para a cidade de Muritiba, onde os crimes aconteceram.

“O que nós fizemos para dar celeridade neste processo, foi recepcioná-los, fazer o registro da ocorrência e expedição de guias aquelas pessoas que informaram que os filhos foram vítimas desse indivíduo. Pelos fatos narrados, o suposto crime ocorreu naquela localidade, então será apurado no local do crime. Vamos remeter as ocorrências, junto com as guias que foram solicitadas e os exames periciais, porque é necessária essa urgência na confecção desses exames, principalmente quando se trata de crimes sexuais, e quanto mais rápido a gente fizer esses exames, os resultados serão satisfatórios para as investigações da polícia. Os exames serão feitos por aqui, mas os resultados serão encaminhados para Muritiba”, afirmou o delegado.

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