‘Parece que não estou vivendo’, diz pedreiro que perdeu esposa e neta após deslizamento de terra em Salvador

“Eu não gosto nem de falar, porque eu começo a lembrar. Está fazendo falta 24 horas. Não comer, não beber”, lamenta o pedreiro José Carlos Gonçalves, de 51 anos. Ele perdeu a esposa, de 41 anos, e a neta de quatro meses durante um deslizamento de terra no bairro de Águas Claras, em Salvador, na última quinta-feira (23).

José também ficou soterrado, mas foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros. Ainda com machucados nos pés, ele relembrou como ocorreu o deslizamento, seguido do desabamento da casa. Ele morava no local com a esposa, Maria da Conceição Fraga e dois filhos: Daniel Teixeira, de 17 anos, e Gabriel Teixeira, de 18 anos. No momento da tragédia, entrtetanto, o imóvel contava com a presença de uma filha do casal, mãe do bebê que morreu: Gabriela Teixeira Gonçalves, 19 anos . A jovem sobreviveu.

“Foi questão de minuto. A lama toda desceu no terreno, tudo desceu. Eu estava na porta, minha mulher chamando minha filha para sair do quarto, mas no quarto da minha filha, a lama desceu, derrubou laje, derrubou tudo”, relembra.

José ressaltou o quanto está difícil viver sem a esposa e a neta. Revelou que em alguns momentos, chega a não acreditar que a tragédia ocorreu com a família.

“Eu não acredito que foi comigo. Infelizmente, eu estou passando esses dois dias parecendo que não estou vivendo. Uma pessoa conseguiu R$ 300 para mim, eu consegui alugar uma casa e vou morar lá”, conta.

José Carlos disse também que não suspeitava dos perigos do local onde a casa foi construída. “Eu achava que essa casa não ia cair. Eu dormia, levantava e achava que não ia cair”, diz.

Moradores de diversos bairros de Salvador, como o de Águas Claras, devem ficar atentos às áreas de risco. Não é o bairro inteiro que é de risco, mas alguns pontos, localidades que são críticas e com possibilidades de deslizamento de terra. Muitas casas foram construídas em barrancos ou próximas deles e com a terra molhada neste período de chuva, os imóveis, consequentemente os moradores, ficam em risco.

“Até o próximo dia 29 [de abril] temos perspectiva ainda de pancadas de chuvas fracas durante este mês. O que nos remete a manutenção da nossa atenção e do estado de atenção que a Codesal se encontra para que o solo ainda encharcado não seja um motivador de possíveis tragédias”, explica Sosthenes Macedo, diretor da Defesa Civil de Salvador (Codesal).

*G1



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