Dono de perfil sobre literatura nas redes sociais, baiano de 12 anos é vítima de racismo: ‘Orgulho de minha cor’

Um menino de 12 anos, morador de Salvador, foi vítima de racismo por meio das redes sociais. Em abril de 2019, Adriel Oliveira criou o perfil “Livros do Drii”, no qual faz pequenas resenhas de livros e indica títulos para os quase 350 mil seguidores.

Na última quarta-feira (27), por meio de mensagem, uma pessoa que não teve a identidade revelada disparou ofensas contra ele. “Porco gordo. Eu achava que preto era pra ta cavando mina, não lendo. Você foi criado pra ser pobre e preto”, diz parte das ofensas.

As mensagens com ofensas foram expostas pelo próprio Adriel. O garoto utilizou as redes sociais para enviar uma resposta ao agressor. A atitude partiu por um conselho dado pela mãe do menino, Deise Oliveira, de 32 anos.

“Foi a primeira mensagem do tipo que recebi. Fiquei muito bravo, mas eu fui perguntar a minha mãe o que fazer. Ela me falou que eu devia responder à altura. Minha mãe falou que eu tinha que ter orgulho de minha cor”, disse o menino, que está no 7º ano do ensino fundamental e conta que nunca havia sofrido qualquer agressão do tipo, seja no mundo real ou virtual.

Menino sofreu injúria racial nas redes sociais — Foto: reprodução/Instagram

Ele expôs as ofensas e escreveu: “Aprende a escrever, cara. Isso não é um insulto, e sim um conselho. E em pleno século 21, pessoas ainda são racistas? Atualizem-se. Insultos acabam com o psicológico de pessoas fracas, esse tipo de coisa não me abala em nenhum ponto. Aliás, tenho orgulho de ser negro”.

A exposição do episódio fez Adriel receber várias mensagens de apoio. O número de seguidores também disparou. Antes eram 240. Quase 350 mil pessoas curtiram a página após o ocorrido.

“Houve uma reação positiva. As pessoas mandam mensagens de carinho. Isso me alegra bastante”, disse.

Diferentemente de Adriel, Deise contou que já vivenciou situações em que foi vítima de injúria racial. Ela decidiu não denunciar à polícia o caso ocorrido com o filho ou mover uma ação contra o autor das mensagens de ódio. Porém, em casa, eles debateram o tema, e a mãe disse que tentou instruir o menino sobre como reagir a situações do tipo.

“O que aconteceu com Adriel fez a gente questionar isso dentro de casa, tivemos um debate. Falei para não ele dar cartaz para o rapaz que mandou as mensagens. Adriel é uma criança, respondeu o que tinha que responder, como tinha que responder, e deixou o cara falar sozinho. Não deu cartaz. Se desse, criaria um ciclo de raiva. Achei a resposta dele muito linda, fiquei emocionada. O pessoal gostou e criou essa euforia toda. Falamos que ainda existem pessoas boas, que mandaram manifestações de carinho, graças ao tapa de luva que ele deu no rapaz”, declarou.

Atualmente sem emprego, a promotora de vendas diz que já acompanhava as redes sociais do filho de perto. O episódio só reforçou o sentimento de que é preciso estar atento à relação do menino com o público na internet.

“Adriel sempre me pergunta o que fazer. As redes sociais dele sempre foram supervisionadas por mim e pela prima dele. Rede social é uma coisa boa, mas é algo que pode ser prejudicial. Sempre observei. Ninguém quer que se maltrate um filho”, concluiu.

Denúncias de casos de injúria racial pela internet podem ser realizadas pelo Disk 100, serviço do Governo Federal que recebe denúncias de violação de direitos humanos. A denúncia também pode ser feita em delegacias comuns e especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância.

Também existe o portal Safernet, que recebe denúncias de violações de direitos humanos. Lá, basta escolher o motivo da denúncia e comunicar o crime de racismo ou injúria.

*G1



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