‘Faltou só o critério na hora da decisão’, diz baiano eliminado no Masterchef Brasil 3

Atualmente residindo em São Paulo, o baiano Victor Castelo (27) foi o terceiro concorrente eliminado no MasterChef Brasil 3, após um pequeno erro no preparo de um prato oriental. Formado em publicidade e um profissional bem-sucedido, ele decidiu mudar de rumo e encarar a cozinha do reality show gastronômico após alguns revezes no ano que considerou o melhor e o pior de sua vida. Em entrevista ao Bahia Notícias, Victor contou um pouco da sua história e das motivações para a aproximação com a culinária. O baiano falou ainda sobre a convivência com os competidores e jurados, além de sua predileção pela chef argentina Paola Carosella. “O Jacquin é um personagem, o Fogaça também, e ela é mais humana”, revelou. Victor avaliou ainda a sua saída do programa, que segundo ele, aconteceu por falta de critério no julgamento. “Uma semana antes tinha rolado a história do bolo de três camadas e de duas camadas, então eles optaram pelo critério sabor. Então se o critério era sabor, teoricamente, era pra eu ter ficado, porque o meu prato eles falaram abertamente que estava melhor”, explicou o ex-aspirante ao Masterchef Brasil.
Você é baiano e hoje vive em São Paulo. Quando e por que você decidiu mudar?
Eu nasci em Salvador e morei muito tempo em Aracaju, porque minha mãe foi trabalhar na Petrobras lá, meu pai foi montar um negócio dele lá também, e ai eu me formei em publicidade, e depois fui para São Paulo, onde moro há seis anos, por uma escolha profissional, por questão de mercado. Eu vim pra cá para fazer uma pós graduação na área de criação publicitária, e eu resolvi ir ficando por aqui pelo tamanho do mercado, que é muito maior que o do Nordeste. E ai eu fui ficando e até hoje estou aqui. Eu trabalho em uma agência chamada África e nesse meio tempo eu fui morar em Amsterdam, porque durante a pós a escola possibilitava eu fazer um estágio lá, e ai eu fiz, durante quatro meses.
E a gastronomia, como entrou em sua vida?
Tem um tempo que eu brinco que, como eu vim pra São Paulo, eu tinha o dinheiro contado. Eu não trabalhava, meu pai me dava o dinheiro e falava para eu encontrar um restaurante, comida a quilo, coisa assim, para eu almoçar todo dia, ou se quiser chamar alguém pra cozinhar. Só que eu brinco que eu preferi cozinhar, me arriscar, pra deixar o dinheiro para gastar no fim de semana. E foi ai que eu comecei a cozinhar, por causa disso, porque fui morar sozinho. Mas de três anos pra cá, meu amigo que divide apartamento comigo ficava me incentivando muito a fazer coisas diferentes. E ai eu começou esse boom gastronômico e eu comecei a estudar sobre isso, me aperfeiçoar mais, cozinhando para amigos, pra ex-namorada, enfim. Fui fazendo e me aperfeiçoando.

Além de se destacar na cozinha, o soteropolitano Victor foi considerado um dos galãs da terceira edição do Masterchef Brasil | Foto: Divulgação
E a decisão de participar do Masterchef, você acompanhava o programa? Por que resolveu participar?
Eu sempre assisti ao Masterchef, meus amigos falavam para eu participar, mas eu dizia “não, aquilo é uma loucura, eu gosto de cozinhar de boa aqui, com a gente, brincando”. Só que eu falo pra todo mundo que ano passado foi o melhor ano da minha vida e o pior ano da minha vida ao mesmo tempo. Ano passado eu tive o melhor ano profissional da minha vida, eu ganhei prêmio, fui reconhecido em São Paulo por meu trabalho, fiz umas coisas relevantes pra minha carreira. E no final do ano, sabe aquela história de que tudo que acontece de bom acontece de uma vez e tudo que acontece de ruim acontece também de uma vez. Em outubro eu acabei meu namoro, em novembro minha diretora de criação, que confiava muito em mim, foi demitida da agência. Então a gente meio que ficou órfão, todos os projetos que a gente estava tocando ou que tinha para fazer até o fim do ano e inicio de 2016 foram interrompidos. Nós meio que perdemos o norte, não sabia como ia ser na agência. E ai, com isso e o término do namoro, e eu ainda bati o carro no fim do ano, foi um final de 2015 complicado pra mim, então eu resolvi mudar minha vida completamente. Eu vi que as inscrições estavam abertas e ai resolvi tentar, pra ver o que ia acontecer. E ai passei.
O prato que garantiu sua entrada no programa foi uma moqueca, por que essa escolha, não era algo simples demais?
O prato que me garantiu o avental foi esse. Apesar da moqueca ser um prato tradicional, um prato que não é tão inovador, eu quis muito mais puxar essa minha veia nordestina, baiana, porque eu sabia que muita gente ia levar prato francês por causa do Jacquin, ia levar os pratos mais rebuscados, digamos assim. Eu sempre escutei nos outros programas que eles falavam “ah, se você faz um prato tradicional, um prato típico e ele é bem feito, ele se sobressai aqui, porque a gente não está acostumado a comer”. Ele até falou que não tinha comido ainda uma moqueca nessa edição, que ninguém tinha levado uma moqueca, e me parabenizou justamente por isso.

Victor garantiu uma vaga na cozinha do Masterchef com um prato tipicamente baiano | Foto: Divulgação / Carlos Reinis/Band
E a sua saída no sexto episódio, por causa de um teriyaki que deu errado(clique aqui e saiba mais), você acha que foi justa, já que você tomou a decisão de não servir uma parte do prato que estava ruim, enquanto o concorrente entregou algo que não estava tão bom?
Eu não entro no mérito de justiça, mas uma coisa que ficou clara pra mim no programa é uma falta de critério. Porque uma semana antes tinha rolado a história do bolo de três camadas e de duas camadas, então eles optaram pelo critério sabor. Então se o critério era sabor, teoricamente, era pra eu ter ficado, porque o meu prato eles falaram abertamente que estava melhor. Então faltou só o critério na hora da decisão, do julgamento. Mas foi o que eu falei pra Ana Paula, eu não tenho problema nenhum, eu saio felicíssimo, foi o dia que eu cozinhei mais leve, sem pressão. E eu acho que talvez por isso eu tenha saído, por falta de atenção, porque eu nunca errei um teriyaki na minha vida, era a única coisa que eu já tinha feito várias vezes e nunca tinha errado. Errei justamente na única coisa que eu sabia fazer. Todo o resto eu estava muito cuidadoso, o arroz eu nunca tinha feito um gohan, arroz japonês, e o tempurá também. O teriyaki era justamente o que eu estava mais tranquilo, e ai eu deixei queimar. Na internet pipocou isso ai, muita gente falando pra caramba da minha saída.
E a sua participação no programa, como foi a convivência com os jurados?
Com os jurados é basicamente aquilo que vocês veem. A gente não tem convivência com eles. A Band tenta preservar, até pra ser imparcial. Existe o contato com eles nos corredores, quando a gente se encontra, mas não pode ter relação pessoal com nenhum jurado, pra ter essa imparcialidade.
Mesmo não tendo uma relação pessoal com eles, você conseguiu formar alguma opinião sobre os jurados? Tem algum preferido?
Os três são chefs fenomenais, é impressionante o quanto eles sabem de gastronomia, mas a minha preferida é a Paola, até pelo que ela prega. A questão de como usar os ingredientes, ela tem um jeito que eu gosto mais. Ela ensina mais do que boa comida, ela tem um jeito de falar na lata. Porque, assim, o Jacquin é um personagem, o Fogaça também, e ela é mais humana, eu acho.

Paola Carosella é a jurada predileta do baiano | Foto: Reprodução / Band
Você espera participar de alguma repescagem? Conseguiu fazer alguma amizade por lá ou torce por alguém que ficou?
Todo mundo, sem excussão, virou muito amigo. A gente criou um vínculo de amizade muito forte espero voltar na repescagem, que ainda vai ter e não teve. Devem chamar ai pra gente gravar. Vou fazer o máximo pra tentar voltar e a torcida eu divido entre Luriana e Thaiana. Antes de entrar no programa a gente faz um monte de prova, e a gente fez uns dias juntos, então foi criando essa amizade.
E agora fora do programa, você está estudando, fazendo algo relacionado à gastronomia?
Eu continuo estudando, continuo cozinhando. Como falei no programa, não vou parar de cozinhar nunca. É a coisa que eu gosto de fazer. Eu continuo, mas nada profissional. Eu estou com umas ideias ai na cabeça, a gente tá querendo fazer um canal no Youtube com receitas, pratos diferentes. E esperando convites para eventos, qualquer coisa relacionada a gastronomia, feiras. Estou esperando convite de Salvador, tem tempo que eu não volto, desde ano passado que eu não vou (risos).
E com relação à formação profissional, você pretende fazer?
Eu quero estudar mais sim, eu penso que não vai ser num futuro próximo, mas é algo que eu sempre quis, fazer um curso profissional, mesmo que eu não trabalhe com isso. Sempre foi um desejo meu fazer um curso profissionalizante de gastronomia, ou esses menores, talvez. Mas precisa ser mais pra frente. Eu não posso fazer curso nenhum agora, porque a partir do momento que você faz qualquer curso, você deixa de ser amador, e ai perco a chance de voltar pro programa, porque não pode.
(Bahia Notícias)


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