A sindicalista e ativista Creuza Oliveira, de 65 anos, recebeu nesta sexta-feira (24) o título de “doutora honoris causa” da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A baiana é a primeira liderança sindical da categoria a receber o título no Brasil.
Creuza é uma das mais importantes líderes na luta pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Ela é presidente de honra da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) e uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia.
A trajetória de Creuza no trabalho doméstico teve início quando ela tinha menos de 10 anos. Embora tenha nascido em Salvador, o registro de nascimento da ativista está vinculado a Santo Amaro, cidade localizada no recôncavo baiano.
Ao retornar para Salvador, Creuza continuou no trabalho doméstico e, aos poucos, engajou-se na luta pelos direitos da categoria. Enquanto estudava à noite, a sindicalista passou a ter contato com trabalhadores de diversos setores, incluindo profissionais da área da saúde, da construção civil e comerciantes.
Durante rodas de conversas, Creuza percebeu que as trabalhadoras domésticas frequentemente sentiam vergonha de admitir sua ocupação. Essa percepção levou a ativista a ponderar sobre as inúmeras adversidades enfrentadas por ela e colegas no contexto do trabalho doméstico.
“Nós éramos chamadas de ‘empregada doméstica’, ‘empregada de família’. Eu sempre questionava isso. Eu dizia: ‘Eu não sou empregada de família, eu sou trabalhadora doméstica'”, conta Creuza.
Na década de 1980, Creuza passou a integrar um grupo de pessoas que se reuniam para discutir os direitos dos trabalhadores domésticos, duas vezes por mês. Em 1986, foi uma das fundadoras da Associação das Empregadas Domésticas da Bahia.
Na época, a categoria ainda não era reconhecida. Portanto, não poderia ter um sindicato. A associação foi criada para dar voz às trabalhadoras domésticas e para lutar por seus direitos.
A luta de Creuza e de outras trabalhadoras domésticas teve um papel fundamental na conquista de direitos para a categoria. Em 2013, foi aprovada a PEC das Domésticas, que garantiu direitos trabalhistas iguais aos de outros trabalhadores, como carteira assinada, salário mínimo e férias.
“A PEC das Domésticas foi uma conquista histórica para a categoria. Foi um reconhecimento do nosso trabalho e da nossa importância para a sociedade”, afirma Creuza.
A ativista continua lutando pelos direitos das trabalhadoras domésticas. Ela é uma inspiração para mulheres de todo o Brasil que se dedicam à luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
