Mulher encontra parceiro na internet e tem filho sem relação sexual

Foto: Reprodução/Acervo pessoal
 Após um aborto provocado devido ao abandono de um ex-companheiro, Jamille Janna decidiu não esperar por um novo relacionamento amoroso para realizar seu sonho de ser mãe. Ela escolheu uma prática chamada “co-parentalidade”, onde pessoas sem uma conexão romântica se unem para criar um filho juntas.
 Jamille encontrou seu “companheiro perfeito” através da internet e engravidou meses depois, sem ter relação sexual. Mesmo com experiências anteriores de relacionamentos, inclusive tendo ficado noiva, Jamille continuou alimentando o sonho da maternidade e desejando para seu filho um pai presente e contou ao Portal Universa que a experiência vivida pelos próprios pais também a inspirou na escolha feita.

“Meus pais são separados desde que nasci e são amigos. Eu vi e achei muito legal. Olhei para a amizade deles. Acho melhor o filho ser amigo dos pais, mesmo que não estejam juntos. Acho terrível e desagradável para uma criança se sentir responsável [por um casamento infeliz]”, destacou.

Outro motivo que levou Jamille optar pela co-parentalidade foi o plano de ter filho antes dos 30 anos sem precisar esperar pelo casamento para realizá-lo e ela relatou que a escolha que fez envolveu muita responsabilidade e sensibilidade.
“Na maioria das vezes a pessoa já chega a uma certa idade, não quer esperar. A co-parentalidade é algo muito sensível. Devemos investigar com cuidado, descobrir quem é essa pessoa, conhecer a família, para que não haja frustrações futuras. Procurei por cerca de 5 anos. Tive que falar com vários homens. Não foi um, dois, cinco, não. Foi tipo 25. São raros os que buscam respeito e amizade para gerar um filho”, afirmou.
Após uma intensa busca, Jamille encontrou o parceiro para ser pai de seu filho.
“Encontrei o pai do Uriel [filho, 1 ano] no Facebook. Foi uma amizade muito bonita, nos reconhecemos imediatamente [o homem também queria um filho sem sexo e sem amor]. Nos conhecemos em agosto [2020] e começamos a experimentar a inseminação artificial caseira [método sexual em que o homem coleta o esperma e a mulher injeta no canal vaginal com uma seringa] em outubro. Ambos concordamos com o tipo de método. Em janeiro [2021] descobri que estava grávida. Meu parto foi maravilhoso, eu estava com minha mãe. O pai não quis assistir porque não gosta de ver sangue e, francamente, também não acho que ficaria feliz com ele. Porque seria minha parte íntima [exposta]. Temos uma amizade muito saudável. A participação é incrível. Estou aqui com meu pequeno e fico com ele”, relatou.
E Jamille encerra a entrevista falando do futuro e faz planos.
“Quando Uriel for mais velho, o pai quer que tenhamos guarda conjunta e eu disse que não há problema. Não vejo porque não. Sua interação com meu filho é incrível. Eu não tenho queixas. Eu não quero um relacionamento, mas pode acontecer. Sou neutra nesta questão. Não penso mais em casamento. Minha prioridade é meu filho. Na verdade, quero outro filho antes que Uriel faça dois anos. Pesquisei sobre co-parentalidade novamente nas redes sociais. Não acho melhor esperar até que a relação se estabeleça para depois ter um filho”, declarou.
Outro lado da questão 
A co-parentalidade não é regulamentada na legislação brasileira, mas parâmetros de direito civil para pessoas divorciadas podem ser usados ​​para definir questões de coparentalidade relacionadas a guarda de filhos, união estável e pensão alimentícia. Isso é explicado por Silvana do Monte Moreira, advogada e presidente da comissão de adoção do Ibdfam (Instituto Brasileiro de Direito de Família).
A paternidade compartilhada é baseada no amor entre os pais, mesmo que não haja relação emocional/física entre eles, ou seja. o amor dos pais é preservado e os filhos têm as mesmas condições para um desenvolvimento saudável.
“A criança tem todos os direitos relativos ao parentesco, inclusive o direito de morar com o pai ou com a mãe”, explica Silvana.
Casais co-parentais buscam diferentes formas de ter filhos: fertilização in vitro, adoção ou fertilização domiciliar. Os especialistas em saúde não recomendam a última abordagem. Injetar esperma com uma seringa no canal vaginal pode causar inflamação, reações alérgicas e não exclui o risco de doenças sexualmente transmissíveis. No entanto, esse método geralmente é escolhido por casais que não podem pagar para ir a clínicas especializadas em inseminação artificial.


Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia