Grávida de nove meses perde bebê e família acusa maternidade de negligência

Lara seria a primeira filha da autônoma Naiara de Oliveira Santos, 25 anos, e do auxiliar de manutenção Kauã Coelho Braga da Conceição, 25. Mas eles sequer tiveram a alegria de ver o bebê chorar. Naiara estava no nono mês de gestação e já tinha entrado em contagem regressiva para a chegada da filhota. Mas passou mal na última quarta-feira (29), buscou atendimento da Maternidade Albert Sabin, foi mandada de volta pra casa e, no dia seguinte, durante uma consulta no 7º Centro de Saúde, em Itapuã, descobriu que o bebê estava morto. A família acusa o hospital de negligência.

Naiara já tinha feito chá de bebê e aguardava o nascimento da primeira filha
(Foto: Acervo pessoal)

“Eu fui com ela, minha mãe e a mãe dela para a maternidade. Chegamos lá 13h, ela entrou na triagem às 14h, mas só foi atendida 23h30. Os médicos examinaram, viram que o batimento cardíaco do bebê estava fraco, mas mesmo assim mandou ela de volta pra casa. Disse que era pra voltar no outro dia pra fazer a ultrassonografia. Como ela já tinha uma consulta na quarta no 7º Centro, foi lá e soube o coração do bebê já não batia mais. Voltamos para a maternidade e até agora ela ainda está com minha filha morta dentro da barriga”, contou Kauã ao CORREIO nesta quinta-feira. Sábado é o aniversário dele. Em vez de comemorar a data, talvez esteja enterrando o corpo da filha.

Naiara e Kauã: Lara seria o primeiro filho do casal
(Foto: Acervo pessoal)

Para a família de Naiara, a conduta de uma médica da Maternidade Albert Sabin pode ter levado à morte da bebê. “Ela poderia ter feito uma cesariana e salvado a criança. Era uma vida humana. Isso não pode ficar impune, a gente está muito revoltado aqui”, contou a prima de Naiara, Amanda Santos. O CORREIO procurou a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mas até o momento da publicação dessa reportagem, a pasta ainda não havia emitido nenhum posicionamento sobre a denúncia.

Segundo a família, Naiara começou a sentir dores na última terça-feira, além de ficar hipertensa e vomitar. Por volta da uma da tarde ela chegou na Albert Sabin e esperou oito horas até receber o primeiro atendimento médico.

“A médica pediu para ela retornar para casa porque não estava escutando o bebê dela. Ela disse que lá não tinha funcionário para fazer a ultrassom, ele só estaria na maternidade por volta do meio-dia”, contou Amanda.

Naiara voltou na maternidade na quarta-feira (30) e conseguiu realizar o exame, que comprovou que o feto estava morto. Ela está internada na maternidade, onde foram prescritos medicamentos abortivos para que seu corpo expulse o feto.

“Disseram que ela não vai fazer cesariana, ela vai ter que expulsar a criança, de quase 4 quilos. Ela está em desespero, em colapso. O sofrimento pior é ser obrigada a fazer o parto e sair de lá sem o bebê. Eu não consigo nem imaginar essa dor”, relatou Amanda, que é mãe de uma garota de dois anos.

A família está transtornada. “Ela já estava com tudo planejado, tinha enxoval, fez chá de bebê. A sacola da maternidade já estava pronta. A gente estava só esperando  Lara, a gente colocou o nome dela Lara Cauane”, contou a prima entristecida.

A família ainda não decidiu como vai buscar Justiça, mas não vai deixar o caso ficar por isso mesmo.  “Lara era muito esperada, muito amada por todos. Está todo mundo sem chão. Se fosse uma fatalidade, mas por negligência… Ela (a médica) poderia muito bem ter atendido Naiara com calma, ter fazendo os exames corretos. Se eu não tô ouvindo os batimentos, poderia ter feito uma cesariana”, disse Amanda.

 

*Correio



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