Família de diarista morta em Salvador nega operação e pede justiça: “policial é para proteger, não para tirar vidas”

A diarista Vânia Machado, 40 anos, não teve nem tempo de se despedir da filha mais velha na noite de sábado (23). Ela acompanhava Vanessa, 20, até o portão da casa onde morava, na Rua Divisa Alegre, no Lobato em Salvador, para que a filha e o neto de 1 ano, Davi, fossem embora, quando foi atingida por um tiro na cabeça e morreu.

Segundo parentes, o tiro foi disparado por policiais da 14ª Companhia Independente da PM (Lobato), que chegaram, a pé, atirando no local, por volta das 21h.

“A filha dela estava indo embora e gritou ‘polícia’ e entrou, com o bebê. Ela (Vânia) foi fechar o portão e já recebeu a bala e caiu morta. Não estava tendo nada no bairro, não teve tiroteio”, contou uma das irmãs de Vânia, Cleide Machado, 37, durante o enterro da diarista, ontem, no Cemitério Quinta dos Lázaros.

Cerca de 200 pessoas estavam presentes no local. Além de Vanessa, Vânia era mãe de um menino de 8 anos. “Quero conversar com o secretário (da Segurança Pública, Maurício Barbosa) e com o governador (Rui Costa), porque isso não pode ficar assim. Policial é para proteger, não para tirar vidas”, desabafou outro irmão de Vânia, Clóvis Machado, que pedia a exoneração dos PMs.

“Só ouvi três tiros e um atingiu minha irmã. Ou faziam para se exibir ou para amedrontar os moradores. Se ficarem, vai morrer mais gente inocente”, disse. Segundo a PM, uma guarnição da 14ª CIPM foi acionada para averiguar a denúncia de que homens armados estavam nos fundos do Colégio Ailton Pinto de Andrade. No local, teriam abordado pessoas, mas um homem fugiu.

RTEmagicC_vania-x1.jpg

Ainda segundo a PM, dois dos policiais seguiram o suspeito, que começou a atirar contra eles. “Os dois integrantes da equipe policial efetuaram um disparo, cada, em resposta à agressão, mas não conseguiram alcançar o agressor”, diz a PM, em nota. Em seguida, a guarnição foi informada de que uma mulher foi baleada na região e a encaminharam ao Hospital do Subúrbio.

A PM informou ainda que “quase uma hora depois da saída dos policiais daquele local, foi passada outra informação de que uma segunda mulher estava caída ao solo vitimada por disparo de arma de fogo. A guarnição averiguou a denúncia e constatou que a mulher identificada como Vânia Machado falecera”.

Os policiais que participaram da ação foram conduzidos à Corregedoria da PM e um Inquérito Policial Militar foi instaurado. Moradores contestam que uma segunda vítima teria sido baleada. “A PM agiu em nome do estado. Uma ação que não está provada que partiu da arma de PMs num confronto com delinquentes numa situação. A gente lamenta porque são pessoas que vieram ser vitimas em razão dessa triste realidade que a gente vive”, afirmou o corregedor da PM, coronel Manoel Amâncio.

*Correio



Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia