Ipiaú, no Sul da Bahia, é uma cidade de muitas histórias. E quem sabe disso muito bem é o cineasta Edson Bastos, ipiauense que se debruça sempre nas boas histórias daquele município, como a de Astrogildo Andrade Santos, protético falecido em 2001 que sonhava em voar e montou no quintal de casa um ‘helicóptero’ para tentar o feito.
O inventor baiano passou a ser mais conhecido pelos ipiauenses em meados da década de 70, quando resolveu apresentar sua máquina na Exposição Agropecuária da cidade, causando grande comoção e curiosidade na população. O ‘helicóptero’, como ele gostava de chamar, era feito de alumínio e equipado com volante e o banco de uma Kombi . A ideia de Astrogildo era alimenta-lo por um motor moto-contínuo, capaz de reutilizar indefinidamente a energia gerada por seu próprio movimento. Familiares garantem que a invenção não chegou a voar. Mas na cidade, muitos afirmam que o objetivo do ipiauense foi concretizado.
A trajetória recheada de encanto do protético deu origem ao filme “Astrogildo e a Astronave”, curta-metragem dirigido por Edson Bastos e pela Voo Audiovisual. O resultado é uma narrativa em 18 minutos da fascinante história de vida onde caminharam juntos a perseverança e o desejo de concretizar sonhos.
No filme, Astrogildo e seu ajudante, o garoto Fenício, iniciam uma jornada na construção de uma ‘máquina de voar’. Para o protético, o desejo de alçar voo era um sonho antigo. Já Fenício sonhava com o feito para chegar ao céu e ver o pai, o qual não teve a oportunidade de conhecer, pois ele faleceu antes do menino nascer. Edson Bastos conta que a história foi descoberta no livro do jornalista José Américo Casttro, “Ipiaú: Histórias da nossa história”.
O curta será exibido em Ipiaú, neste sábado (30), na Praça Rui Barbosa, e em Salvador, passou na tela do Cinema do Museu, no Corredor da Vitória, no dia 21 de abril. Além da expectativa em tornar conhecida a peculiar história de Astrogildo, o cineasta Edson Bastos tem outro projeto em mente: com apoio da gestão municipal de Ipiaú, erguer um monumento em homenagem ao inventor.
Joelma – Para Edson, contar a trajetória de Astrogildo vai além construir uma narrativa. Tem o objetivo, também, de ressignificar a imagem do protético, retratado pejorativamente como louco por parte dos populares. O cineasta também é o diretor do filme Joelma, que retrata a vida de uma transexual de 68 anos nascida em Ipiaú, em uma família pobre, e viajou para São Paulo na adolescência onde fez cirurgia de redesignação (troca de sexo) e retornou à cidade, casada, 30 anos depois. (Bahia.Ba)