‘Só tentou ajudar, mas morreu como um herói’, diz esposa de PM morto ao reagir a assalto na BR-324

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Cecília Porfíria da Silva contou que ela e o marido, o policial militar da reserva Tayrone Carlos da Silva, 55, estavam sentados nas poltronas 13 e 14, no meio do  ônibus, onde dois policiais morreram na manhã de sábado (20). “O bandido que estava na frente anunciou o assalto e falou que o parceiro dele passaria pegando os pertences das pessoas. Meu marido estava calmo esperando eles chegarem”, disse.

Em seguida, ela viu Agnaldo sendo esfaqueado por um dos assaltantes. “Foi aí que meu marido levantou e atirou, mas o bandido já tinha tomado a arma do outro policial e alvejou ele. Meu marido só tentou ajudar, mas morreu como um herói”, afirmou.

Durante o assalto, um dos assaltantes percebeu um volume diferente na calça do policial civil Agnaldo Almeida, 59 anos, e pediu que ele levantasse a camisa. Agnaldo, que estava indo trabalhar em Candeias, obedeceu a ordem do criminoso. Ao perceber a arma, o assaltante o atacou, eles entraram em luta corporal e o policial foi golpeado com uma faca, depois de ter a arma apreendida.O caso aconteceu em um ônibus da empresa Jauá, que seguia para Candeias. O coletivo tinha saído há apenas 20 minutos da rodoviária quando dois homens subiram na altura da Brasilgás, na BR-324, no sentido Feira de Santana. Segundo relato do motorista, que preferiu não se identificar, os assaltantes entraram no ônibus e seguiram para o fundo. Logo após deixar o ponto, um deles foi para frente do coletivo e abordou o motorista, pedindo o dinheiro das passagens. O outro ficou no corredor recolhendo os pertences dos passageiros.

O casal morava em Itabaianinha (SE) há cerca de cinco anos e estava em Salvador para realizar exames médicos. Em Candeias, o PM iria trabalhar e visitar seu irmão. Os dois fariam 35 anos de casados nessa segunda-feira.

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Pânico
Durante a ação, os passageiros entraram em pânico e imploravam para o motorista parar o ônibus, mas o coletivo só parou alguns metros à frente. “Isso tudo aconteceu com o carro em movimento… Imagine como foi… Eu vim tentando trazer o carro para o acostamento, com calma, para não ser pior”, contou o motorista do veículo, que preferiu não se identificar.

Um homem, que também preferiu o anonimato, dirigia um veículo que vinha atrás do ônibus, disse que ficou assustado ao ouvir os disparos vindo do coletivo. “Como é que não fica nervoso, não é? Fiquei sem saber o que fazer”, relatou. Ele conta também que conseguiu ver os suspeitos fugindo, um deles, ferido. “Eu ouvi mais de seis tiros, depois vi o tumulto. Aí, quando o ônibus parou, estacionei na frente e já vi eles descendo e correndo. Um deles parecia que tinha sido baleado nas costas”, lembrou.

O sepultamento dos dois policiais mortos no ônibus acontece hoje. Agnaldo Almeida será enterrado no Cemitério do Campo Santo, às 11h. Tayrone Carlos da Silva será sepultado no Bosque da Paz, às 15h. Até o fechamento dessa edição não havia informações sobre o enterro de José Antônio Bispo Sena. Ambulâncias do Serviço de Atendimento de Urgência (Samu) estiveram no local, mas os policiais já estavam sem sinais vitais. O passageiro identificado como Adson foi atingido no braço e na perna esquerda e foi socorrido por uma ambulância da Via Bahia para o Hospital do Subúrbio, onde permanece internado. Não há informações sobre ele.

Operação
Os suspeitos conseguiram fugir, mas a polícia montou uma operação para prendê-los. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública, informou que o secretário Maurício Teles Barbosa determinou prioridade na apuração do caso, que será investigado pela força-tarefa da SSP. O delegado Odair Carneiro, que comanda a força-tarefa, esteve no local do crime na manhã de ontem para colher informações. Todas as companhias da Rondesp, a Operação Gêmeos, os esquadrões Águia e Garra, além de equipes da 50ª Companhia Independente da PM (Sete de Abril) e da 31ª CIPM (Valéria), estão nas buscas dos criminosos.

A Polícia Civil também participa da ação com equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e do Grupo Especial de Repressão a Roubos de Coletivos (Gerrc). (Correio)



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