‘A escassez de peixe não é culpa de pescador’, diz criador do projeto Lixo Zero

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Cerca de 50 pescadores se reuniram na manhã deste sábado (15) para fazer um mutirão de limpeza na praia de Cantagalo, na Cidade Baixa. Os voluntários se reuniram logo cedo e, ao final da coleta, já tinham tirado da areia e do mar cerca de uma tonelada de lixo, a maioria garrafas PET e latas de cerveja. “Tinha de tudo, madeira, roupa, ferro, brinquedo, pneu, tubo de PVC”, lista Alfredo Massena, 50 anos, na profissão desde os 18.

Escolha“A sujeira no mar contribui bastante para a diminuição da captura de peixes, sem falar da pesca predatória com bomba, rede e compressor, que é o pior de todos”, alerta Massena. Ele, Suber e os outros companheiros de profissão atuam juntos no mutirão de limpeza através do projeto Lixo Zero, que é sem fins lucrativos e já tirou das praias de Salvador cerca de 7 toneladas de detritos.“Já fizemos 7 ações parecidas com esta, nas praias do Porto e Farol da Barra, Rio Vermelho, Boa Viagem”, lista Antonio Fernando Santana, conhecido por Suber. Aos 39 anos, 28 deles dedicados à pesca de apneia (mergulho sem equipamento), teve a ideia de reunir os amigos de profissão ao perceber que estavam culpando os pescadores pela escassez de peixe. “Vinha sentindo um impacto muito grande na pesca submarina, várias espécies sumindo e começaram a vincular isso aos pecadores, mas a culpa não é nossa. Tanto que onde fizemos a limpeza, os corais começaram a reaparecer e peixe como badejo voltaram”, defende.

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Suber explica que a praia que vai passar pela limpeza é escolhida pela quantidade de lixo que está acumulado. “Como praticamos pesca submarina e estamos sempre na água mergulhando em toda a orla, localizamos onde tem mais lixo, nos reunimos e fazemos esta ação a cada 15 dias”, diz. Uma das dificuldades do projeto é atuar em áreas de mar aberto e muitas ondas, como a Pituba.

A praia de Cantagalo será novamente destino do Lixo Zero na próxima empreitada. “Lá tem uma quantidade de lixo inacreditável. Vai levar um ano para tirar tudo que tem lá. Nossa meta na próxima coleta é remover uma tonelada e meia”, diz o pescador, que até criou uma página no Facebook para compartilhar as iniciativas do projeto.“Não temos garrafas cilíndricas e nem embarcações. Fazemos isso no peito. Precisamos de apoio para que consigamos barcos motorizados. Nos arriscamos arrastando lixo nas costas para a beira da praia”, explica Suber. (Correio)

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