Aposentada cede casa para portadora de câncer continuar tratamento na BA

Uma aposentada que mora em Salvador disponibilizou a própria casa para uma estudante portadora de câncer da cidade de Uauá, no norte da Bahia, poder continuar o tratamento da doença na capital baiana. A estudante Kleyanne Pereira, 25 anos, estava sem poder fazer o tratamento fora da cidade onde mora porque, junto com outros 207 pacientes de Uauá, teve os auxílios de transporte, alimentação e hospedagem em Salvador suspensos pela prefeitura do município.

Estudante Kleyanne Pereira, de 25 anos, luta contra câncer de mama (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Estudante Kleyanne Pereira, de 25 anos, luta contra
câncer de mama (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Regina Miranda disse que ficou comovida após ver o caso de Kleyanne na televisão e, então, decidiu ajudar a estudante, que luta contra um câncer de mama há três anos.

“Assistindo a reportagem, fiquei muito tocada. Eu ganho muito com isso, porque me abre caminhos, me abre portas. Eu não vou ficar pensando só nos meus problemas. Eu vou ajudar outras pessoas com os problemas delas. Vou ajudar colocando na minha casa, dando apoio, dando suporte e isso para mim é muito bom”, disse a aposentada.

A prefeitura de Uauá alegou que cortou os benefícios dos pacientes da cidade para conter os gastos do município. No entanto, o executivo municipal voltou atrás e afirmou que vai garantir até o fim do mês as passagens de ônibus para quem faz tratamento fora da cidade.

Aposentada Regina Miranda cedeu casa para estudante continuar tratamento (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Aposentada Regina Miranda cedeu casa para
estudante continuar tratamento.
(Foto: Reprodução/TV Bahia)

“No final de ano, os que tiverem que ir, naturalmente, a gente vai ter que ajudar na passagem. Eles vão para lá, mesmo diante do fato de a gente não estar podendo ajudar”, destacou o prefeito de Uauá, Olímpio Cardoso Filho.

A casa de apoio onde os pacientes ficavam na capital baiana, no bairro da Saúde, está fechada e por isso os pacientes não tem onde ficar para fazer o tratamento. A secretária de saúde de Uauá, Luciene Góes, destacou que a residência em Salvador continua alugada, mas não explicou porque os pacientes não estão indo para o imóvel. “A casa ainda continua alugada, só que a senhora que toma conta ela deu férias. Todo mundo tem parente também lá e não custava ficar um instante para poder retornar”, declarou.

A reportagem não conseguiu contato com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) nesta quarta-feira para falar sobre a situação. Na terça-feira, em nota, o órgão disse apenas que o tratamento fora do domicílio dos pacientes é responsabilidade do município de Uauá.

Hospital Municipal Doutor Jair Braga (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Hospital Municipal Doutor Jair Braga.
(Foto: Reprodução/TV Bahia)

Caso

Cerca de 207 pacientes de Uauá, 180 deles com câncer, cadastrados em um programa de transporte para tratamentos de saúde em outras cidades, como Salvador e Juazeiro, tiveram o benefício suspenso pela prefeitura.

Entre esses pacientes está a dona de casa Vilma Lúcia Loiola de Santana. Ela descobriu um câncer há dois anos e precisou retirar uma das mamas durante o tratamento. Vilma é acompanhada por médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital baiana e não pode comparecer às consultas por falta de transporte. “Eu me sinto muito triste, porque só a gente que passa que sabe o que está passando”, desabafou a dona de casa.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Benedito Reis, o benefício foi suspenso para conter os gastos do município. “Foi cortado o translado e também a receptividade [dos pacientes] dentro da nossa casa de apoio que existe em Salvador”, explicou.

Os problemas na área de saúde de Uauá também atingem o Hospital Municipal Doutor Jair Braga, único da cidade. Isso porque, o município está com dificuldades para pagar o salário dos dois médicos que trabalham no local. O hospital recebe por dia 60 pessoas para atendimentos de baixa complexidade, mas quem vai à unidade reclama da falta de estrutura. Os casos mais graves são encaminhados para os hospitais públicos de Juazeiro e Petrolina. “Remédio que não tem. Se chega um doente, não tem um lençol para forrar a cama. Você tem que trazer de casa”, revelou a empregada doméstica Maria Ângela Almeida.

Outra situação na unidade de saúde é que o local já teve cinco enfermeiros em atendimento e agora só possui um profissional da área, por conta do atraso de salários. A secretária de saúde de Uauá, Luciene Góes, disse que recebe do estado R$ 70 mil por mês e que a verba não é suficiente para manter a unidade e os salários dos profissionais de saúde. Segundo ela, a solução encontrada é a negociação com os médicos. “Tem que pagar antecipado. Terminou o plantão, toma o dinheiro”, explicou. Em nota, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) disse que a gestão do hospital é de responsabilidade do município.

*G1



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