Barbeiro que já passou fome ajuda mais de 400 famílias carentes de Salvador

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A palavra Miserê – que em Salvador é adjetivo para pessoa retada – pode até lembrar miséria, mas na manhã deste 25 de dezembro, foi sinônimo de fartura. Cosme Filho, 41, dono do apelido e da Barbearia Miserê, se juntou com 12 amigos para arrecadar e distribuir cerca de duas toneladas de comida em 420 cestas básicas, 150 brinquedos e 200 peças de roupa que fizeram a alegria de mais de 400 famílias do fim de linha de Canabrava, periferia da capital baiana.

 Filho de uma doméstica com um segurança e com três irmãos, hoje ele é dono de uma barbearia no bairro de Vale dos Lagos. “A criminalidade é altíssima, mas também tem muitas pessoas boas aqui. Agradeço a educação que meus pais me deram e hoje tentamos ajudar pessoas que precisam. Não somos ONG nem associação: só um grupo de amigos que arrecada coisas e distribui pros mais necessitados”, diz Miserê.No bairro, basta perguntar por Miserê que todo mundo ensina como chegar à estreita Rua dos Azulões, onde ele nasceu e vive até hoje. “Já tivemos muita dificuldade, passamos até fome. Me lembro de minha mãe chorando num canto da casa porque não tínhamos o que comer. O Haiti fica tão perto e a gente nem toma conhecimento”, conta. Para retribuir ao universo, todo dia 25 de dezembro, há 11 anos, acontece a mesma coisa: “descemos pra jogar futebol às 7h da manhã e, quando voltamos, às 9h, já tem uma fila enorme aqui na porta de casa”, diz Cosme.

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 Uma das beneficiadas foi Carla Araujo, 21, que além dos alimentos, ganhou um velotrol de presente para o filho Iuri, de 10 meses. “Foi ótimo porque eu não tinha conseguido comprar nada pra ele porque estou desempregada há 7 meses e sem dinheiro. Este Natal está sendo muito bom, mas torço para o próximo ser melhor”, diz a moça, que já foi recepcionista num restaurante. Ela mora numa casa com cinco familiares, todos na mesma situação. “O único que conseguiu algo foi meu irmão, um bico de ganhar R$ 30 por dia.

As amigas Rita de Cássia, 39 e Viviane Carvalho, 18, garantiram oito sutiãs na galinha-gorda. “Nunca tinha vindo porque trabalhava e deixava pra quem precisa. Mas agora estou desempregada e tenho que correr atrás, né?”, explica Rita, que vai levar para casa também sandália, cesta básica e brinquedos pros sobrinhos.



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