Quadrilhas juninas da enfrentam dificuldades para preservar tradição por falta de apoio, diz presidente de Federação

Quadrilha Junina Luar do Recôncavo – Foto: Divulgação

As quadrilhas juninas enfrentam dificuldades para preservar suas tradições devido à falta de apoio, de acordo com o presidente da Federação Baiana de Quadrilhas Juninas (Febaq). Manter as raízes vivas tem se tornado um desafio cada vez maior.

Atualmente, a Febaq conta com 160 quadrilhas afiliadas. No entanto, apenas cerca de 90 estão ativas, ou seja, um pouco mais da metade está se apresentando no São João de 2023 nos 417 municípios do estado.

Em entrevista ao G1 Bahia, Carlos Oliveira, presidente da entidade, ressalta que as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 tiveram um grande impacto no setor, e muitos grupos não conseguiram retornar às atividades. No entanto, mesmo antes de 2020, as quadrilhas já enfrentavam dificuldades para sobreviver, e essa situação tem se agravado com o tempo.

Segundo ele, poucas quadrilhas recebem apoio financeiro. “Deveria ser responsabilidade do poder público oferecer suporte às quadrilhas juninas, pois eles têm a obrigação de preservar a cultura. No entanto, a maioria dos municípios não enxerga dessa maneira e não há incentivo para que os grupos permaneçam em atividade”, lamentou.

O presidente da Febaq também criticou o alto investimento das prefeituras baianas em shows de artistas durante o período junino, enquanto as quadrilhas recebem “valores irrisórios”. “É uma situação muito revoltante, não apenas para os quadrilheiros, mas também para a sociedade em geral, quando uma prefeitura gasta cerca de R$ 200 mil, R$ 300 mil, R$ 500 mil ou R$ 700 mil com um artista que só vai se apresentar por 1h20 e depois vai embora”. As apresentações das tradicionais quadrilhas nordestinas envolvem cenário, coreografia, figurino, composição musical e muita pesquisa para a construção do enredo. Carlos, da Febaq, comparou esse trabalho ao das escolas de samba no carnaval carioca, devido à preparação exigida.

“Contratamos um historiador para pesquisar toda a temática; em seguida, um diretor musical é contratado para criar músicas relacionadas à temática. Também temos um figurinista para desenvolver os trajes de acordo com a temática, um coreógrafo, entre outros. As quadrilhas juninas têm o mesmo nível de preparação das escolas de samba”, comparou.

As diferenças entre uma quadrilha junina e uma escola de samba, segundo ele, estão no número de pessoas envolvidas (as quadrilhas têm pouco mais de 100 pessoas) e nas condições financeiras. “Uma escola de samba tem mais de 3 mil pessoas e recebe mais investimento tanto do poder público quanto do setor privado, as empresas apoiam os projetos”, afirmou.



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