Detenta esconde gestação por cinco meses em presídio do Pará

Uma detenta provisória custodiada no Centro de Reeducação Feminino (CRF), em Ananindeua, região metropolitana de Belém,escondeu a gravidez até os cinco meses de gestação. A jovem de 24 anos diz que não tomava banho de sol e se escondia dos agentes prisionais, por medo de ser transferida para a Unidade Materno Infantil (UMI). A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) afirma que caso é atípico.

Gisele Ferreira foi presa suspeita de associação ao tráfico de drogas em dezembro de 2015. Ao chegar a casa penal os agentes prisionais perguntaram se ela estava grávida e ela, então, informou que não tinha certeza, apesar de suspeitar que poderia estar gestante.

“Certeza mesmo tive cerca de um mês depois, pelos sintomas. Mas neste meio tempo conversei com outras presas e ouvi histórias muito ruins sobre a UMI e não queria ser transferida”, conta a mãe de primeira viagem. As companheiras afirmavam que as regras eram mais rigorosas, o espaço menor e a convivência com as demais detentas mais difícil.

Gisele conviveu por mais de cinco meses na penitenciária em uma cela com outras sete detentas, mas ninguém da direção do local percebeu a gestação. “Eu fiz de propósito. Não tomava banho de sol e, quando os agentes se aproximavam da cela, tentava ficar entre outras presas ou de costas ou disfarçar. Foi uma bobagem que fiz”, explica.

A gestação foi notada há cerca de dez dias por um dos agentes e, Gisele foi imediatamente encaminhada para atendimento médico, já que não havia iniciado o pré-natal e, em seguida, transferida para o anexo onde funciona a Unidade Materno Infantil (UMI) do CRF.

Internas elogiam espaço especial
No local projetado para atender até 14 mulheres gestantes ou lactantes, vivem atualmente 16 presas. Apesar do número, todas são unânimes em elogiar o espaço. “Me arrependi muito. Primeiro porque aqui não era como me disseram. É limpo e confortável e um ambiente bom para crianças, mesmo. Depois, por que estou grávida e deveria ter colocado meu bebê como prioridade e, por ter escondido a gestação, só iniciei o pré-natal tarde, perdi inclusive o prazo para tomar algumas vacinas”, relata.

Vivendo na UMI há cerca de dez dias, a artesã que morava em Belém irá descobrir nas próximas semanas qual o sexo do bebê, quando agendar sua primeira ultrassonografia.

“Se for menino será  Tiago, se for menina vai se chamar Ticiane. Por ele vou ser melhor. Vou sair daqui e estudar e trabalhar e cuidar dele”, garante.

Uma agente prisional da Unidade Materno Infantil que prefere não se identificar afirma que no local as regras são as mesmas do Centro de Recuperação, mas algumas são reforçadas para garantir a segurança e bem estar dos bebês e gestantes.

“Aqui não é permitido cigarros e nenhum tipo de drogas ilícita. A fiscalização é mais intensa já que são poucas mulheres. Elas também não recebem visitas íntimas e mantém contato até duas vezes por semana por telefone com familiares. É um ambiente infantil e diferente. Muitas afirmam que preferem voltar para o CRF porque não querem seguir estas regras”, revela.
A Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe) informou ao G1 que atualmente que em todo o Estado vivem 759 detentas, que representam cerca de 6% do total de presos no Estado. Apenas em Anaindeua, são centenas de mulheres que são acompanhadas diariamente em diversas atividades, além das fiscalizações rotineiras nas celas.

O órgão assegura que o caso de Gisele é a tipico mesmo porque, geralmente, outras presas tendem a informar sobre a gravidez das companheiras, especialmente após desentendimentos. A instituição também reitera que as presas recebem orientações sobre gravidez e o funcionamento da UMI.

*G1



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