Revista publica fotos da prisão de Crivella há 26 anos no Rio; ele nega

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A revista Veja publicou neste sábado (22) uma reportagem sobre a prisão, na década de 90, do candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, do PRB. Segundo o inquérito, ele, com homens armados, tentou desalojar, com ameaças, um homem e a família dele de um terreno da Igreja Universal. Crivella confirma a ação, mas nega que tenha feito ameaças. E diz que não houve prisão, mas ida à delegacia para identificação, um ato, segundo ele, para constrangê-lo e que, por isso, na época processou o delegado por abuso de poder. Segundo a revista, o inquérito ficou desaparecido por 25 anos.

Nas imagens divulgadas pela revista, o candidato aparece de frente e de perfil, em duas fotos tiradas na 9ªDP (Catete) no dia 18 de janeiro de 1990. Segundo a reportagem, Crivella passou o dia na prisão e só saiu com o compromisso de voltar no dia seguinte. O inquérito policial estava guardado há 25 anos, mas não estava em um arquivo público, e sim na casa do senador.  A revista diz que ele só decidiu mostrar o inquérito depois de ser confrontado com as fotos. A investigação policial tem 117 páginas.

Os fatos narrados no inquérito aconteceram em uma rua do bairro de Laranjeiras, onde existia um terreno comprado pela Igreja Universal do Reino de Deus para a construção de um templo. Na época, Crivella era um engenheiro que construía os templos da Universal. Ele teria ido até o local e a confusão começou.

A revista Veja traz as diferentes versões contadas à polícia. O vigia Nilton Linhares, que morreu em 2001, reivindicava a posse do terreno. No inquérito, o advogado dele diz que Crivella foi até o local com seus comandados, chegou arrombando o portão com um pé de cabra  e seguranças armados de revólveres, ameaçando toda a família do segurança, esposa e duas filhas. Segundo a revista, foi então que a polícia teria sido chamada.

Na reportagem, o candidato confirma que foi até o local. “Estava revoltado, acordei de manhã, peguei os caminhões que a gente tinha e fui pra lá. Arrebentei aquela cerca, entrei lá dentro, comecei a tirar as coisas dos caras e botei em cima do caminhão. Mas não toquei nas pessoas. Tinha uns 10 homens comigo”, afirmou.

Até a última atualização desta reportagem, Marcelo Crivella não havia dado entrevista para esclarecer o episódio e optou por gravar um vídeo nas redes sociais dando sua versão  e negando a prisão.

Senador divulgou vídeo em rede social, na manhã deste sábado (22), negando a prisão (Foto: Reprodução / Facebook)
Senador divulgou vídeo em rede social, na manhã deste sábado (22), negando a prisão (Foto: Reprodução / Facebook)

“Alô meus amigos. Vocês devem estar se perguntando sobre a capa da revista Veja. Vou esclarecer. Nunca fui preso. O que ocorreu é que há 26 anos atrás, como engenheiro, fui chamado para fazer inspeção na estrutura de um muro que tinha risco de cair e machucar as pessoas. O terreno era da Igreja Universal, mas estava invadido e os invasores não deixaram eu entrar. Deu uma confusão danada e foi todo mundo pra delegacia. Lá, o delegado resolveu identificar a todos, por isso, essa foto que você viu na capa. Mas não deu processo, nada, absolutamente nada. Pelo contrário, eu é que iniciei um processo contra ele por abuso de autoridade. Eu repito, nunca fui preso, nunca respondi nenhum processo. E posso provar com todas as certidões que apresentei no momento que me inscrevi para ser candidato a prefeito doRio de Janeiro. Fiquem tranquilos, eu sou Ficha Limpa. Um grande abraço.”, disse Crivella no vídeo.

Ainda de acordo com a revista, o senador contou que o inquérito foi arquivado um ano mais tarde e que nesta ocasião teria ido à delegacia e recebido o material das mãos do delegado João Kepler Fontenelle, já falecido. Segundo a reportagem, a Igreja Universal ameaçava processar o delegado pela forma como conduzira o caso. Daí, o agrado a Crivella. “Ele me disse: ‘Vou te dar as fotos. Vou tirar isso daqui. Fiz para te constranger, mas estou arrependido”.

Segundo a reportagem, a ficha policial de Crivella só voltou aos arquivos oficiais há seis meses, na forma de uma discreta anotação em um cadastro estadual de acesso restrito.

O G1 entrou em contato com a Polícia Civil para esclarecer o possível desaparecimento do inquérito e, de acordo com a Delegacia de Acervo Cartorário da Polícia Civil, uma pesquisa está sendo realizada para apurar as informações veiculadas pela imprensa sobre o procedimento instaurado em 1990. (G1)



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