Procura pela carne cai até 40% nos estabelecimentos

Há exatamente uma semana, a Polícia Federal deflagrava a Operação Carne Fraca, com o objetivo de investigar adulterações que estavam sendo feitas nos produtos por parte de grandes frigoríficos do país. O resultado, além da desconfiança de outros países, que deixaram de importar a carne nacional, até então considerada uma das melhores do mundo, foi a de que os consumidores internos ficaram ainda mais desconfiados com relação ao alimento que estão levando pra casa.

Nos açougues e supermercados da cidade, a queda no movimento já vem sendo sentida. De acordo com funcionários ouvidos pela reportagem, a procura diminuiu em até 40% em alguns locais. Normalmente, segundo eles, há um enfraquecimento natural das vendas sempre na segunda quinzena de cada mês, por conta do dinheiro mais curto do consumidor. Contudo, a Operação Carne Fraca acentuou ainda mais esse índice.

“O consumidor está mais desconfiado e perguntando mais. Normalmente, dia de terça-feira, que é o de maior movimento e em que fazemos promoções, a procura caiu muito”, disse um funcionário de um supermercado que fica região de Nazaré. Em um açougue na Baixa de Quintas, a situação é semelhante.

“A queda está em torno de 20% a 30%. Quem vem, pergunta se a carne é Friboi, por exemplo. Já a salsicha Seara o consumidor nem quer saber mais”, disse Luis Eduardo Silva, gerente da Carnes & Cia. De acordo com ele, além das marcas conhecidas, boa parte da carne utilizada pelo açougue vem da região de Itapetinga, no sudoeste da Bahia.

Associação
Já em alguns açougues da capital, funcionários disseram que o movimento manteve-se igual, mesmo após a repercussão negativa da operação da PF. No entanto, eles admitem que as vendas poderiam cair diante da situação. “É normal a desconfiança inicial. Muita gente, inclusive, faz piada com a situação perguntando se tem papelão na carne moída ou questiona se vendemos Friboi”, contou Antônio de Jesus, supervisor de uma das lojas do Frigorífico do Mané, na região das Sete Portas.

Segundo ele, a origem da carne vendida no local é da região de Serrinha, cidade distante cerca de 170 km de Salvador. Já no Atacadão das Carnes Betell, próximo dali, funcionários afirmaram que o consumidor ficou um pouco mais atento. “Eles estão falando e questionando mais, principalmente qual a origem da carne. Ainda não estamos percebendo queda, mas acho que ninguém vai deixar de comprar por conta disso”, falou Taís Oliveira, auxiliar administrativa do açougue.

Nos supermercados da capital, a estimativa é a de que a queda na procura pelas carnes seja de 10%, de acordo com Rogério Machado, consultor de varejo da Associação Baiana de Supermercados (Abase). “Já estamos sabendo que algumas empresas estão retirando, de suas lojas, produtos cujos fornecedores estão envolvidos na operação”, afirmou.

Machado disse ainda que uma reunião entre a Associação Brasileira dos Supermercados (Abase) e os frigoríficos foi realizada, nesta semana, com o objetivo de trazer maiores esclarecimentos e dar orientações à população com relação a situação. “É normal o consumidor ficar desconfiado, principalmente com a relação a produtos sem a qualidade que eles afirmam ter”, pontuou.

Contudo, de acordo com ele, essa queda deve ser passageira, já que houve outras polêmicas com outros alimentos e, posteriormente, as vendas voltaram à normalidade. “O consumidor tem memória curta. Além do mais, das mais de quatro plantas que existem no Brasil, foi um número inexpressivo delas que apresentou problema. Eu acredito que as coisas voltem, aos poucos, ao normal”, disse o consultor de varejo.

Para o consumidor, no geral, a pesquisa e a atenção ficaram mais redobradas após a polêmica das carnes. “Se antes comprava em um lugar, agora vou a outros. Pois, além de preço, eu busco qualidade”, disse a dona de casa Maria Ramos. “Eu não vou deixar de comer carne, mas estou, sim, mais cuidadosa, evitando comprar carnes já embaladas, preferindo ir aos açougues”, falou a autônoma Rosana Reis.

*Tribuna da Bahia



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