Grupo seguirá de bicicleta ao Alasca mesmo após morte de integrante: ‘Nada nos para’

O grupo de ciclistas Trio Totipah transformou sua aventura de chegar ao Alasca, partindo de Salvador, na Bahia, em um tributo a Alexia Suelen Van Pettens. A estudante de 24 anos morreu após ser atropelada por uma moto quando o grupo, a caminho do estado americano, passava por Natal, no Rio Grande do Norte.

 Depois da tragédia, os ciclistas voltaram de Natal a Salvador em 22 horas, para participar do velório de Alexia.
Foto: Reprodução 

— Vamos continuar mais fortes que nunca. No velório, vários parentes nos abraçaram dizendo que a gente vai chegar no Alasca por Alexia. Mais que nunca queremos chegar lá. Alexia é nossa certeza e força. Nada nos para agora — frisou Marcelo Totipah, pouco depois de acompanhar a cremação da jovem, em Salvador, nesta quinta-feira.

Depois de se despedir da amiga, Marcelo e os demais integrantes do Trio Totipah vão voltar de ônibus até Natal e seguir de onde a expedição parou. Desta vez, sem a dona da bicicleta “Ventania”, mas em homenagem a ela.

— Conheci Alexia na semana que me despedia de Salvador para essa viagem. Seus olhos brilharam, mas ela dizia que não era a hora de fazer algo assim. Acompanhando nosso projeto nas redes sociais, ela sentiu o chamado e veio até nós — relatou Marcelo, que viu a baiana unir-se à viagem na Paraíba.

Nas redes sociais, Marcelo lamentou a perda da jovem e afirmou que vive sua “maior sombra”, abatido pela “avassaladora vontade de voltar no tempo”. Mas, segundo ele, não é o peso nos corações o que Alexia gostaria de deixar.

Ele, que já pedalou sozinho por cinco países da América do Sul, “aceitou o desafio de manter um grupo tão diferente a viver junto na estrada”. De Salvador, em 7 de fevereiro, saíram dois cicloviajantes. Outros se juntaram a eles no caminho — Alexia, em 5 de maio. Hoje, são cinco ciclistas e uma cachorrinha.

Segundo Marcelo, o grupo leva esperança e curas xamânicas a aldeias indígenas, quilombos, vilas de pescadores, com caráter missionário.

— E se você está de peito aberto para sua missão, não há porque ter medo. Não estamos preocupados com o tempo (que vai durar a viagem). Por experiência de projeto itinerante, creio que levará dois ou três anos para ir (ao Alasca) e o mesmo para voltar — garantiu o idealizador.

Foto: Reprodução

O acidente

A estudante morreu enquanto tentava cruzar o continente americano de bicicleta. Aluna de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ela foi atropelada por uma moto na ciclovia da ponte Newton Navarro, em Natal, no Rio Grande do Norte. Alexia chegou a ser internada no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, mas teve a morte cerebral constatada no último sábado.

O grupo de ciclistas explicou em postagem no Facebook que pedalava em fila pela ciclofaixa da ponte quando um motociclista tentando fugir de um radar invadiu a pista exclusiva para bicicletas, atropelando Alexia.

“As câmeras não pegaram, as testemunhas não quiseram falar oficialmente, mas nada disso mais importa. Os pais perdoaram, nós perdoamos e com certeza Alexia com toda sua espiritualidade já deve ter perdoado de um outro lugar”, registrou a tribo.

Luciano Van Pettens, pai da estudante, contou ao “Correio da Bahia” que a filha nunca havia estado tanto tempo longe da família e que havia começado a pedalar faz pouco tempo. Alexia se juntou ao grupo na Paraíba e escreveu um diário durante a jornada.

*AgênciaOGlobo


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