Áudios apontam que amigo de Temer recebeu propina da Odebrecht, acusa PF

Foto: Reprodução / Globo News

A Polícia Federal (PF) anexou quatro arquivos de áudio ao inquérito que aponta indícios de que o presidente Michel Temer (MDB) teria recebido propina da Odebrecht. Os arquivos contêm diálogos entre entregadores de propina da empreiteira e o coronel João Baptista Lima Filho, velho amigo do presidente e citado no processo como receptor de propina para o emedebista.

 

Os áudios em questão foram gravados por funcionários da Hoya Corretora de valores, empresa do doleiro Álvaro Novis. Responsável por repassar propina da Odebrecht a políticos, o doleiro entregou o material à PF como parte de sua delação premiada.

 

Segundo informações do jornal O Globo, que teve acesso aos documentos, no primeiro áudio, registrado às 10h25 de 19 de março de 2014, Lima e Edimar Moreira Dantas, funcionário da Hoya, confirmam o horário para a entrega de uma encomenda.

 

Mais tarde, às 11h37 do mesmo dia, o funcionário Márcio José Freire do Amaral tenta remarcar a entrega com o coronel. “Só que nós temos três etapas dessa reunião, que vai ser quinta e sexta-feira. Agora, quinta e sexta, eu gos… Bem, eu queria ver com o senhor se pode ser entre 10h e 12h horas”, questionou Amaral.

 

Depois, às 15h54, Amaral volta a ligar para Lima porque, de acordo com a PF, o coronel não havia informado a senha combinada para o recebimento do dinheiro. Além disso, o diálogo demonstra que Lima já está com o “pessoal” da Hoya no momento da ligação.

 

Por último, às 15h37 do dia 24 de março de 2014, a PF indica que Lima ligou para Amaral, a fim de saber se haveria novos repasses. “A última, a da sexta-feira, em que foi entregue aí ao Silva as atas, elas não foram iguais às atas anteriores, né? Ficou um pouco abaixo”, reclamou o coronel depois de Amaral pontuar que fez três reuniões, na quarta, quinta e sexta e que, por isso, entendia que elas já estavam concretizadas. “Tudo bem. Tem alguma previsão pra mais alguma coisa, ou não?”, indagou o coronel. O funcionário, então, diz que desconhece a confirmação de novos repasses e explica que o registro foi abaixo porque “o número era quebrado”. Para a PF, todos esses termos são códigos para se referir à propina.

 

Em resposta, o Palácio do Planalto disse que “não comentaria interpretações que não se baseiam em fatos, são apenas fantasias”. Já a defesa do coronel Lima negou a existência de “prática ou participação de seu cliente em conduta ilícita e cometimento de qualquer irregularidade”. De acordo com a publicação, as investigações apontam que os executivos participaram de um jantar no Palácio do Jaburu, em 2014, e acertaram o repasse de R$ 10 milhões da empreiteira ao MDB. Desse montante, R$ 1,4 milhão teria sido entregue a Temer através do coronal Lima. O restante teria sido distribuídos a outros emedebistas.

*BN



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