O dia 22 de abril ficou marcado na história do país como a data da chegada dos portugueses, que se deu pela expedição do navegador Pedro Álvares Cabral, em 1500, às terras do atual Sul da Bahia. Porém, para inúmeros historiadores, ainda há o questionamento se o termo adequado de fato é “descobrimento”, tendo em vista que como pode o Brasil ter sido descoberto se já havia pessoas morando nas terras brasileiras?
Nesse mais de meio milênio, a cultura brasileira foi construída a partir dos muitos povos que aqui se estabeleceram. Atualmente, o modo de viver do povo do Brasil é contado em livros, novelas e filmes, e encantado no incrível repertório musical brasileiro. Por isso é preciso valorizar, preservar e disseminar a cultura indígena para a construção da identidade nacional brasileira.
Mas nem tudo é motivo de comemoração. “Há 523 anos, os portugueses invadiram a Terra Brasilis e trataram de eliminar os traços culturais dos povos originários, inclusive a língua, assim como dos povos escravizados que vieram de localidades que hoje são países, como Nigéria, Guiné, Cabo Verde, Senegal, Togo, dentre outros países do continente africano”, explica o advogado e escritor Augusto Cruz.
Quando aportaram na Terra do Pau Brasil, os portugueses assassinaram milhares de pessoas no tráfico de escravizados e nos maus tratos aos povos indígenas e, além de matar pessoas, trataram de eliminar ao máximo os traços culturais do povo que aqui vivia e que aqui chegou.
“A privação de liberdade trazia junto a perda de identidade que começava pela mudança do nome, seguia pela imposição de uma nova religião e culminava com a perda da língua de origem”, acrescenta Cruz. E assim, é chegado o dia 22 de abril de 2023, data em que é comemorado o 523º ano da invasão da terra brasileira.
Momento que mostra como a sociedade não aprendeu com os males trazidos pela colonização, já que os cidadãos insistem em repetir as maldades perpetradas pelos invasores como o racismo, institucional e estrutural; a violência contra os povos indígenas e a ganância pelas terras que brancos determinaram que eles poderiam viver como sendo suas; e florestas sendo destruídas.
Por: Augusto Cruz – escritor e advogado
