Inflação e desemprego afetam até o básico feijão com arroz na pandemia

Nem o feijão com arroz escapou da alta da inflação e do desemprego. A combinação de aceleração de preços e renda em queda mudou o cardápio dos brasileiros mais pobres, que se veem obrigados a optar por produtos mais baratos.

Saem óleo de soja, feijão e carne; entram banha de porco, lentilha e ovo. Até o preparo da alimentação foi afetado. Com o botijão de gás a mais de R$ 100 em algumas cidades, muitas famílias trocaram o fogão por lenha e carvão.

Enquanto numa ponta os preços sobem, na outra a renda cai. Além da redução do valor do auxílio emergencial, a taxa de desemprego atingiu o patamar recorde de 14,7% no trimestre encerrado em abril.

Solange Ferreira, dona de um mercadinho no bairro Jardim Éster Yolanda, zona oeste de São Paulo, afirma que a situação dói na alma. “Alguns [consumidores] vêm com dinheiro contado para comprar três tomates. Chega na hora de pagar e têm de tirar um.”

Reflexo desse cenário, aumentou a oferta de arroz quebrado e bandinha (o meio feijão), substitutos mais baratos para o produto padrão. Cestas básicas também têm contado com uma mistura maior desses produtos com os tradicionais.

A troca de produtos por substitutos mais baratos, como de um arroz mais nobre pelo quebrado, é reflexo dessa situação. O produto costuma ser exportado para a África, mas, com o aumento de 5% da safra do cereal e os preços domésticos subindo, parte maior da produção ficou no mercado interno.

Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que os mais pobres sentem mais a escalada de preços na pandemia. Segundo o instituto, a faixa da população com renda considerada muito baixa (inferior a R$ 1.650,50 por mês) registrou inflação de 9,24% no acumulado de 12 meses até junho. É a maior variação entre os seis grupos pesquisados.

Além dos alimentos, pressionam o orçamento dos mais pobres o gás de botijão, que acumula alta de 24,25% em 12 meses até junho, e a conta de luz, que subiu em meio à crise hídrica. Segundo o IBGE, as tarifas de energia residencial acumularam alta de 14,2% em 12 meses até junho.

Fonte: Folha



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