Entenda por que a Argentina está barrando entrada de brasileiros no país

Foto: AFP/Arquivos

A Argentina começou a implementar medidas que dificultam a entrada de brasileiros no país sob a justificativa de que seriam “falsos turistas”, categoria utilizada pelo país durante o governo militar nos anos 1980. Nos últimos dois meses, muitas pessoas que viajaram no intuito de estudar em universidades públicas locais relataram terem sido barradas no aeroporto pelas autoridades do país. As informações são da colunista Amanda Cotrim, do UOL.

De acordo com o Itamaraty, em 2022, haviam dez mil universitários brasileiros na Argentina que fazem parte de um grupo composto por 90 mil pessoas residentes do país vizinho. Desde 2004, o governo de Buenos Aires possui um acordo com o Brasil que determina direitos especiais a cidadãos dos dois territórios, possibilitando que permaneçam em solo estrangeiro de ambas as partes durante 90 dias, prazo que pode ser prorrogado. O período pode ser utilizado para que o indivíduo inicie o trâmite de residência.

Ao invés de realizarem cursos superiores no Brasil, estudantes brasileiros optam por se formar em instituições educacionais públicas na Argentina, como a Universidade de Buenos Aires, onde o ensino é gratuito para brasileiros que possuem residência. Eles podem se matricular mesmo sem prestar os vestibulares nacionais. Entretanto, desde o início do governo de Javier Milei, estrangeiros sul-americanos são comumente impedidos de entrar no país.

As autoridades argentinas começaram a exigir que o estrangeiro apresente uma passagem de volta ao entrar no país, prática que não era comum. Indivíduos que desejam ingressar na Argentina também podem estar sujeitos a questionamentos relativos a como irão se manter financeiramente no território e sobre a hospedagem. As forças de segurança locais alegam que as pessoas impedidas não apresentam a documentação necessária.

Liziana Rubim, advogada que trabalha no Brasil e na Argentina atendendo denúncias como as de brasileiros que não conseguem entrar no território governado por Milei, descreveu o caso de uma cliente que teria sido barrada pelos oficiais do aeroporto mesmo apresentando documentos que a permitiam estudar medicina em universidades do país. Um dos membros da migração teria dito informalmente que recebeu ordens relativas a impedir o ingresso de estudantes latino-americanos, que não seriam desejados.

A postura estaria de acordo com as políticas pregadas pelo presidente da Argentina, Javier Milei, que carrega um discurso contrário a imigração de pessoas de origem sul-americana. De acordo com dados do Ministério do Turismo argentino, 20% dos estrangeiros que viajaram ao território eram de origem brasileira. Já o Ministério do Interior da Argentina afirma que os indivíduos não foram “deportados” e podem tentar ingressar no país novamente caso apresentem os “documentos corretos”.



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