As centenas de milhares de pessoas que protestaram nas ruas do Brasil inteiro impressionando a mídia e o governo. Porém, muito foi debatido sobre o tipo de manifestantes que gritavam contra a corrupção no eixo Rio-São Paulo, por exemplo. Foi ocaso do empresário do Flamengo, que levou a sua babá para o manifesto no domingo (13). As pessoas que se reuniram para protestar foram classificadas como “elite”, destacadas pela cor branca, alto índice de escolaridade e classe social média-alta. A revista britânica The Economist chamou o fenômeno de “revolução do cashmere”. Segundo o Datafolha e os pesquisadores da USP-Unifesp-OpenSociety chegaram à conclusão, a partir de várias pesquisas, que cerca de 70% dos que costumam participar dos protestos anti-Dilma ganham mais de cinco salários mínimos por mês.
Segundo El País, outras milhares de pessoas estiveram alheias ao que acontecia na Avenida Paulista. Apesar de não se somarem aos protestos deste domingo, todos os entrevistados pelo jornal não estão satisfeitos com o Governo Dilma. A maioria deles é favorável ao impeachment, mas não acreditam em uma mudança para melhor.
Por pertencerem às classes C, D, e E, estes brasileiros são os mais afetados pela crise econômica, principalmente pelo aumento da inflação e do desemprego, que já beiram os 10%. Só na Grande São Paulo, a renda média dos brasileiros caiu 7,4% em um ano, para 2.242,90 reais em janeiro, após anos de crescimento. Rose, no entanto, nem sabia direito do que se tratava. “O protesto é contra a Dilma, né? Não gosto dela não, mas sei lá, nunca pensei em protestar. Minha família nunca protestou. A gente não é disso não”, conta essa mulher de 38 anos e moradora de Parada Inglesa, na zona norte de São Paulo.
Alaíde, de 33 anos disse que teve muita vontade de ir às ruas, mas suas amigas não acompanharam: “Não tenho estudos e trabalho em casa de família, cuidando de criança. Agora, se eu fosse engenheira, iria querer trabalhar com isso, e não cuidando de criança! E vejo meus amigos que estudaram para caramba tendo que aceitar qualquer coisa… Protestaria por eles, por causa do desemprego”.