Governador sobre violência: “Se tem algo que tá corroído em nosso país é o tecido familiar…pais que são cúmplices merecem ser processados”

O Governador da Bahia, Rui Costa esteve em Santo Antônio de Jesus nesta sexta-feira (03). Numa entrevista, ele comentou sobre a segurança pública e as medidas que o governo tem tomado para amenizar a violência. “É outro assunto importantíssimo, já colocamos na polícia dois mil novos policiais que estão sendo distribuídos para os municípios, abrimos quatro mil vagas nos presídios, assinamos contrato no presídio de Conquista retirando presos da delegacia, nossa meta é abrir todos esses presídios novos e esvaziar as delegacias, pois delegacia não é lugar de ficar preso, lugar de preso é no presídio, liberar delegado e policiais para prevenção dos crimes”, explicou. Para ele, as pessoas cobram muito do governo, da polícia, mas é uma situação que depende também da comunidade. “A imprensa cobra exclusivamente do governador, mas muita coisa impacta na segurança pública e não só a área policial, por exemplo, se em uma cidade fica sem juiz isso impede as ações policiais, toda vez que o juiz não despacha ou falta um juiz no município a violência cresce naquele município porque o crime hoje é organizado. A polícia só pode entrar numa casa com autorização do juiz. Eu dependo muito do poder judiciário, do Ministério Público e da defensoria, por isso temos nos reunido de forma regular para pedir sempre o apoio para melhorar a área de segurança pública”, pontuou.

 

Qual é o centro do problema e como resolvê-lo?

Segundo o governador, a família não tem cumprido sua função na educação dos jovens. Em uma de suas viagens a Alemanha, ele disse que algo chamou atenção nas ruas de algumas cidades, o fato de não ter lixos jogados no chão. Intrigado com aquilo, ele perguntou sobre a coleta de lixo, e a resposta que teve foi que não fazem muitas coletas, pois é multado aquele que joga lixo no chão. “Eu acredito que um país, uma cidade, uma nação é feita muito mais pelo povo do que pelos seus governantes”, frisou. Com esse exemplo, o governador enfatiza a importância da família na construção de valores que servirão tanto para o cidadão como para o país. “A polícia recentemente prendeu uma criança de 11 anos de idade com uma submetralhadora na mão, eu me perguntou onde tá a mãe, o pai, o tio, o avô dessa criança? Como foi permitido que essa criança desgarrasse e caísse na mão de um mau elemento porque provavelmente alguém deu essa arma para ele. Então, peço a família abrace seu filho, seu sobrinho, traga para perto, se você não tá conseguindo resolver peça ajuda a alguém, se você empurrar vai ter alguém do outro lado da rua que vai querer. E lá vai a gente perdendo jovens ou para o cemitério ou presídios, considero que é fundamental o envolvimento da sociedade. Para transformar nosso país temos que reforçar os valores da fé em Deus e da família. Se tem algo que tá corroído em nosso país é o tecido familiar e nós precisamos reconstruir esse tecido para construir um país melhor”, destacou. Ciente dos índices de homicídios na Bahia, o governador remete ao dever da família dos acusados que, na maioria dos casos, tem envolvimento com drogas. “Essa criança que foi pega com metralhadora, no depoimento ele disse que o pai e a mãe sabiam que ele tava no crime e que toda semana dava algum dinheiro a mãe. Ai a polícia intimou os responsáveis para prestar depoimento. Os pais são responsáveis sim, uma coisa é o pai ou mãe não ter informação e perder seu filho, ver seu filho desgarrar e no desespero tentando salvar seu filho, a outra coisa bem diferente é o pai ou mãe ser cúmplice ou até incentivar que um menor de idade vá botar dinheiro em casa com furtos, roubos ou tráficos de drogas. A família que tenta salvar seu filho essa merece apoio. Já os pais que são cúmplices merecem ser processados”, afirma. Ele comentou ainda sobre o estupro coletivo que aconteceu no Rio de Janeiro e citou como exemplo a educação que recebeu dos seus pais e como ele educa os filhos. “Que educação essas pessoas receberam em suas casas? Que tipo de orientação? Tenho quatro filhos, dois já estão criados e resolvi recomeçar a vida e tenho uma de 3 anos e outra de 11 anos. A gente começa a educar filho desde os 11 meses. Eu sou governador por um tempo e minhas filhas tem que aprender a se comportar, por isso que afirmo que quem constrói o país é o povo. Esses 30 homens tem família, como é que os pais dizem pra eles quando voltam para casa? Era o tempo que bastava olhar, meus pais mesmo só bastavam olhar para mim, nem me batiam”, salientou.

 

Jéssica Oliveira/Blog do Valente



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