SAJ: Projeto ‘Mãos que trabalham’ é destaque na BBC News que mostra situação de famílias em situação de vulnerabilidade

A solidariedade de ativistas como ele é essencial para a sobrevivência dessa população “invisível”, segundo uma pesquisa da FGV-Social
Imagem: Félix Lima/BBC

O Projeto ‘Mãos que trabalham’,  idealizado  pastor Ricardo Costa da Silva,  da Igreja Missionária El Shaday é matéria destaque da BBC News.

A reportagem aborda a situação difícil de muitas famílias na Moradia Digna e Nova Canaã em Santo Antônio de Jesus.  De acordo com a BBC, muitos moradores sobrevivem de doações feitas por universidades e religiosos.

Todos os domingos, os missionários percorrem Santo Antônio de Jesus, batendo de porta em porta para pedir alimentos que depois serão doados em um mercadinho solidário que atende a 800 famílias vulneráveis.
Desde o início da pandemia, o grupo já doou cerca de 3 mil cestas básicas, além de distribuir um sopão e absorventes para mulheres que não têm dinheiro para comprar o produto.

“É muita fome nessa localidade, meu amigo, muita carestia… Aqui não têm água encanada, não têm saneamento básico, a energia elétrica é com bicos. A gente tenta amenizar o impacto da fome por aqui, diminuir as mazelas dessas pessoas que estão desassistidas por todos os governos”, diz Ricardo, que, no Natal, conseguiu assar 100 frangos para distribuir aos moradores.

Nascido em uma família pobre, o pastor também sofreu com a miséria nas ruas de Salvador. “Passei muita necessidade na vida… Entrei na droga, no álcool, tinha uma vida muito ruim”, diz. Há 16 anos, vivia o auge de seus problemas quando decidiu se converter ao Evangelho. “Conheci Jesus e a palavra. Abandonei a vida que eu tinha e me tornei um ser humano melhor, uma pessoa com uma calma, paz de espírito”, diz.
Em 2010, Ricardo se casou e se mudou para a periferia de Santo Antônio de Jesus, onde virou pastor e começou a cortar o cabelo e fazer a barba de pessoas que não tinham como pagar pelo serviço. “Fazer esse trabalho foi algo que veio do coração de Deus para o meu coração. Não sei nem explicar, foi uma vontade que veio de dentro. Entendi que precisava fazer alguma coisa para pessoas que estão na mesma situação que eu vivi.”

A solidariedade de ativistas como ele é essencial para a sobrevivência dessa população “invisível”, segundo uma pesquisa que a FGV-Social realizou entre pessoas que compõem os 40% mais pobres da população. Nessa parcela, 61% dos entrevistados disseram que, em uma situação de emergência como a fome, dependem da solidariedade de amigos ou parentes – 13,6% recorrem a empréstimos.

Foi o pastor quem conseguiu 900 tijolos, 20 sacos cimento e duas caçambas de areia para Marcos e Jamile construírem sua casa no final do barranco de Moradia Digna. “Quando tiver com a telha, a gente logo se muda pra cá”, diz Jamile.
Para Marcos, ter uma moradia de bloco, mesmo embaixo de um barranco, pode iniciar uma reviravolta. “A casa vai ser uma mudança de vida”, diz, sentado em alguns tijolos, exausto depois de mais uma viagem pelo barranco sob um sol de 36º C.
Para Jamile, dormir sob blocos e telhas já seria um alívio para o calor intenso que a família enfrenta no barraco onde vive atualmente. Ali, embaixo das lonas de plástico, no metro entre o sofá onde dormem as crianças e a porta de madeira, a sensação é de rápido derretimento em meio ao suor escorrendo para o chão de terra batida.



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