Programa Viver Melhor apresenta a história de Ana Caló, mulher mototaxista há mais de 20 anos em Santo Antônio de Jesus

Ana Caló foi homenageada em 2008 com o Prêmio Prestígio Mulher como mototaxista

Já ouviu falar que lugar de mulher é onde ela quiser? Foi assim que Ana Caló se tornou uma das primeiras mulheres a comandar uma moto táxi em Santo Antônio de Jesus.
Ana esteve no Programa Primeira Hora, foi entrevistada por Leonardo Valente, na rádio Andaiá FM no último sábado (5). Na oportunidade ela contou toda a sua trajetória, desde como começou, até quando viu seus filhos se formarem em uma faculdade.
Batalhadora, Ana Caló era vendedora de rifa, mas se viu ‘desgarrada’ ao ficar viúva com 3 filhos pequenos para criar. Daí, na década de 90, surgiu a ideia de ocupar o espaço de motoboy, ou melhor, motogirl!
Naquela época, boatos diziam que apenas uma empresa cadastrava mototaxistas na cidade, caso contrário, a pessoa seria perseguida e a moto poderia até ser presa. Ana não se contentou com isso. Mesmo com medo, foi até o coronel da polícia na época e perguntou se ele havia proibido cidadãos de rodar de mototaxi livre, e ouviu como resposta: siga sua vida, siga o seu trabalho. E foi assim que tudo começou.
“Eu ficava temerosa, porque se não fosse cadastrada a moto poderia ser apreendida. Uma vez chegando na rodoviária encontrei o Comandante Luziel. Cheguei a ele e perguntei se estava proibido rodar de mototáxi. A resposta dele foi que se a moto estivesse em dia e eu fosse habilitada, nada me impediria. Aquilo pra mim foi como um troféu. Sai dali rindo, comemorando. E a partir daquele dia eu comecei a rodar de mototáxi”, relata.
Questionada por Cristina Pita sobre casos de assédios e preconceito, Caló relatou que, por incrível que pareça, o maior preconceito que ela sofreu veio de uma mulher, influenciada pelos homens.
“Foi muito difícil, cerca de 900 homens e eu ali, a única mulher. Sofri preconceito, de colegas e de passageiros. Fui assaltada e assediada muitas vezes”, diz.
Apesar dos momentos ruins, a mototaxista ressalta que é um trabalho que ela gosta de atuar e que também viu coisas boas, como professoras e muitas outras mulheres que a apoiou, principalmente a cuidar de seus filhos.
“Passei por fases muito difíceis, até chegar a lei Maria da Penha”, disse Caló, que ressalta que a mulher ainda precisa conquistar muito mais espaço na sociedade, mas considera um avanço nos últimos tempos e lembrou do dia em que encontrou uma mulher na delegacia pela primeira vez.
A motogirl relatou uma vez em que chegou na delegacia, quando foi agredida por um ex-companheiro. Ao chegar lá, ela encontrou uma mulher, que a ouviu e ao rapaz disse “chega pra cá, agora você vai apanhar de uma mulher. Aquilo foi um orgulho para mim!”.
Apesar dos momentos ruins, a mototaxista ressalta que é um trabalho que ela gosta de atuar e que também viu coisas boas, como professoras e muitas outras mulheres que a apoiou, principalmente a cuidar de seus filhos.
“Hoje meus filhos já concluíram faculdade. Agradeço muito a todas que, naquela época em que eu era muito indiscriminada, me ergueram a mão. Era um tempo duro, uma mulher, mãe de família que saia cedo pela manhã e retornava para casa altas horas da noite enfrentando perigos”, completa.
Ana Calou foi homenageada em 2008 com o Prêmio Prestígio Mulher como mototaxista.
Ana ouviu durante o programa o áudio do Deputado Estadual de São Paulo, Arthur do Val, conhecido como mamãe falei, dizendo que as “mulheres ucranianas são fáceis por que são pobres”, entre outras falas preconceituosas. Caló considerou que Artur não é um cidadão brasileiro, e sim um verme.



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