A internet, que deveria ser um espaço de troca de ideias e aprendizado, se transformou em um palco de reações imediatas, onde todos falam e poucos escutam. A análise é do cientista político e mestre em Economia Renato Dolci, em sua coluna publicada no InfoMoney.

Segundo Dolci, a velocidade das redes sociais tem contribuído para a diminuição da qualidade dos debates online. “Comentar, hoje, é um reflexo mais rápido do que entender”, escreveu. Ele destaca que o comportamento digital atual está mais voltado para a performance social do que para a compreensão dos temas em discussão. Vivemos um paradoxo digital: nunca tivemos tanto acesso à informação, mas quase sempre escolhemos não acessá-la.
Estudos reforçam essa visão. Uma pesquisa da Columbia University mostrou que 59% dos links compartilhados no X (antigo Twitter) nunca foram clicados. No Facebook, a superficialidade é ainda maior: de acordo com a Universidade Estadual da Pensilvânia, cerca de 70% das pessoas compartilham conteúdos sem sequer abri-los.
Outro dado, divulgado pelo Chartbeat, mostra que o tempo médio de leitura antes do compartilhamento é de apenas 15 segundos. Para Dolci, esse tempo não é suficiente para formar uma opinião fundamentada. Mesmo assim, é o bastante para julgar, criticar e opinar — e é isso que domina os algoritmos.
“O resultado prático disso é que a informação de qualidade perde espaço para o que gera reações rápidas”, escreveu Dolci. “Opinar é menos sobre contribuir para um debate e mais sobre pertencer a uma bolha.”