Mau desempenho escolar nem sempre é indício de transtornos de aprendizagem

IMAGEM_NOTICIA_5Os transtornos de aprendizagem, que compreendem uma inabilidade específica para leitura, escrita ou matemática, geralmente são detectados por conta do baixo rendimento escolar. Contudo, especialistas apontam que nem sempre o mau desempenho escolar pode estar ligado a questões clínicas. “Hoje em dia a gente vem vivendo um processo denominado medicalização da vida. Diante de questões que são extremamente complexas e que envolvem uma série de fatores, ao invés de a gente olhar para essa complexidade, para esses vários fatores, a gente reduz isso tudo a distúrbios de aprendizagem”, alerta Lygia Viégas, psicóloga com mestrado e doutorado em psicologia escolar e desenvolvimento humano pelo Instituto de Psicologia da USP e professora da Faculdade de Educação da Ufba.

Viégas destaca que ao desconsiderar a estrutura escolar e a dinâmica em sala de aula, a comunidade médica tem verificado um crescimento nos diagnósticos de transtornos de aprendizagem em crianças em processo de escolarização. “Existem formas de organização escolar que propiciam a distração do aluno mais do que outras. Pode ser, por exemplo, que essa aula não dialogue com o aluno, que não reconheça que ele já vem para a escola com algum tipo de conhecimento com base no cotidiano”, salienta.

A também psicóloga Maria Tutti Cabussú, especialista em psicoterapia Junguiana (IJBA), psicopedagogia e neuropsicologia (pela Ufba), explica que um aluno com problemas de aprendizagem sérios precisará de intervenção psicopedagógico (com trabalho de consciência fonológica e alfabetização fônica) ou psicológica (a partir de técnicas comportamentais) em longo prazo. “Uma criança que eu consigo realfabetizar em três meses não tem transtorno de aprendizagem. Ela tem no máximo um déficit de atenção, ou um problema pedagógico. Agora, se essa criança passa mais de seis meses comigo, em intervenção, e não consegue se realfabetizar, então, ela tem uma dificuldade real”, exemplifica.

Cabussú explica que os transtornos de aprendizado têm origem neurobiológica, relacionada à carga genética, entre outros fatores ligados a gestação e parto do indivíduo, além de também está relacionada com o ambiente familiar. Ela conta que os casos mais comuns verificados em seu consultório são o Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), deficiências intelectuais associadas ao autismo (“e outras síndromes neurológicas”), Dislexia e Discalculia (ambos associados à leitura, escrita e matemática). “Há várias outras dificuldades de aprendizagem que são consequências de outros problemas. Por exemplo, crianças com transtorno de deficiência intelectual , com um nível de inteligência mais rebaixado, terá uma dificuldade de aprendizagem como consequência dessa nível intelectual mais rebaixado”, salienta.

Esses transtornos são diagnosticados a partir da realização de avaliações padronizadas, como testes de escrita através de ditados, levando em conta a competência específica de cada série escolar.  “A gente vai avaliar se a criança, a depender da faixa de etária, sabe ler e escrever, palavras e textos. E matemática, a depender da idade, a gente tem que ter pelo menos as quatro operações”, explica, salientando que o diagnóstico tem como objetivo definir que tipo de abordagem terapêutica será utilizada. (Bahia Notícias)



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