Moradores do município de Uauá, no norte da Bahia, cadastrados em um programa de transporte para tratamentos de saúde em outras cidades, como Salvador e Juazeiro, tiveram o benefício suspenso pela prefeitura. Ao todo, 207 pacientes, 180 deles com câncer, estão sem assistência e sem poder se locomover.
Entre esses pacientes está a dona de casa Vilma Lúcia Loiola de Santana. Ela descobriu um câncer há dois anos e precisou retirar uma das mamas durante o tratamento. Vilma é acompanhada por médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital baiana e não pode comparecer às consultas por falta de transporte. “Eu me sinto muito triste, porque só a gente que passa que sabe o que está passando”, desabafou a dona de casa.
(Foto: Reprodução/TV Bahia)
Segundo o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Benedito Reis, o benefício foi suspenso para conter os gastos do município. “Foi cortado o translado e também a receptividade [dos pacientes] dentro da nossa casa de apoio que existe em Salvador”, explicou.
Apesar do o presidente do Conselho Municipal de Saúde confirmar a suspensão do atendimento, a prefeitura de Uauá negou que o tratamento fora do domicílio foi interrompido.
Os problemas na área de saúde de Uauá também atingem o Hospital Municipal Doutor Jair Braga, único da cidade. Isso porque, o município está com dificuldades para pagar o salário dos dois médicos que trabalham no local. O hospital recebe por dia 60 pessoas para atendimentos de baixa complexidade, mas quem vai à unidade reclama da falta de estrutura. Os casos mais graves são encaminhados para os hospitais públicos de Juazeiro e Petrolina.
“Remédio que não tem. Se chega um doente, não tem um lençol para forrar a cama. Você tem que trazer de casa”, revelou a empregada doméstica Maria Ângela Almeida.
Outra situação na unidade de saúde é que o local já teve cinco enfermeiros em atendimento e agora só possui um profissional da área, por conta do atraso de salários. A secretária de saúde de Uauá, Luciene Góes, disse que recebe do estado R$ 70 mil por mês e que a verba não é suficiente para manter a unidade e os salários dos profissionais de saúde. Segundo ela, a solução encontrada é a negociação com os médicos. “Tem que pagar antecipado. Terminou o plantão, toma o dinheiro”, explicou.
Em nota, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) disse que a gestão do hospital é de responsabilidade do município.
*G1