Um bebê de um mês de vida está internado há 20 dias no Hospital Esaú Matos, em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, aguardando uma cirurgia urgente para corrigir um problema cardíaco. O pequeno Yuri Levi Teles Primo tem uma doença chamada tetralogia de fallot, que é uma má formação congênita no coração e corre risco de morte. O problema é que os exames necessários e a cirurgia não são feitas na cidade e ele não consegue vaga nas unidades de saúde de Salvador.
De acordo com o pediatra Cláudio Jorge, essa doença causa quatro defeitos no coração, que podem ser mais graves ou menos. “Você tem que fazer uma angioressonância magnética ou uma angiotomografia, que vai dar uma ideia de como está esse coração. Às vezes é até necessário fazer um cateterismo”, afirma o médico.
Segundo informações do hospital, todos os dias são enviados relatórios para a central de regulação do Estado, solicitando a transferência de Yuri, mas a resposta é sempre a de que não há vagas. Além disso, o bebê usa um medicamento chamado Prostaglandina, que segundo os relatórios médicos, está prestes a acabar no município.
De acordo com Genilton Gonçalves Primo, pai de Yuri, a situação é delicada. “Ontem ele teve uma necessidade respiratória maior, teve que ser entubado novamente”, conta Genilton, que desabafou que está sendo difícil lidar com a situação. “Eu me sinto impotente. Eu vejo meu filho lutar diariamente para poder viver, e eu não posso fazer nada, porque dependo do Estado para fazer uma cirurgia”.
Por conta da situação, o Ministério Público entrou na Justiça, e no dia 21 de dezembro, o juiz Rodrigo Souza Brito, da comarca de Boquira, onde a famíia reside, concedeu liminar determinando a transferência em prazo de 12 horas e estipulando o pagamento de multa de R$ 10 mil em caso de descumprimento da decisão.
Relatório médico destaca que remédio utilizado pelo bebê está prestes a acabar e que o menino corre risco de óbito (Foto: Reprodução/Tv Sudoeste)Com o descumprimento da liminar, a Justiça acolheu pedido do Ministério Público e determinou a intimação do secretário de Saúde do estado, Fábio Vilas Boas, e do governador Rui Costa, para que garantam imediatamente a transferência do bebê. Caso isso não aconteça, eles poderão pagar multa pessoal de até R$ 60 mil e responder criminalmente.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) informou que o tratamento que o paciente necessita só é feito nos hospitais Ana Nery e Santa Isabel, em Salvador. Ainda de acordo com a Sesab, a transferência deve ser realizada até próxima sexta-feira (6). A Secretaria de Saúde não respondeu por que não é feita a transferência do menino para um hospital particular, e por que a decisão da Justiça que determina a transferência imediata ainda não foi cumprida.
A Fundação de Saúde de Vitória da Conquista informou que o remédio usado por Yuri existe em estoque e também que já em andamento o processo de compra de um novo lote do medicamento.
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