Seagri busca parcerias para implantação da primeira indústria cooperativada especializada em beneficiamento de carne de fumeiro

Culturalmente conhecida pela tradicional fabricação de carne de fumeiro, grande fornecedor do produto para restaurantes e bares de Salvador, o município de Maragogipe pode ter a primeira agroindústria especializada em beneficiamento de carne de fumeiro do Brasil. A dificuldade de adequar a produção às condições determinadas pelas legislações e exigidas pelo Ministério Público (MP), levou o vice-prefeito da cidade, Adhemar Luiz Novaes, a pedir o apoio do secretário da Estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, na implantação da indústria de defumados no município para atender a região e estruturar a produção. A convite do vice-prefeito, o secretário da Agricultura, acompanhado do diretor geral da Adab, Paulo Emílio Torres, visitou a região no último mês de setembro e debateu com produtores do município.

?Após as reuniões e a visita da Adab nos locais de fabricação dos produtos, percebemos que as condições de fabricação dos defumados teria que ser adequada às normas sanitárias exigidas pelo Ministério da Agricultura e Adab. Para isso, elaboramos uma planta modelo pioneira para construção da indústria, com a colaboração do Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), empresa de grande porte do segmento naval localizada em Maragojipe, e o auxílio de outras empresas?, explicou Salles.

Na última segunda-feira (6), o projeto orçado em R$ 745 mil foi apresentado aos representantes do Estaleiro, em reunião realizada na Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri). A proposta é firmar um acordo de cooperação técnica entre a prefeitura de Maragojipe, que doaria o terreno e toda infraestrutura; a Seagri/Adab arcaria com a compra dos equipamentos, e o Estaleiro, que poderia assumir a construção e execução da obra. A idéia é que o modelo de gestão seja cooperativado, acompanhado por um conselho administrativo formado por representantes das instituições envolvidas no projeto e administrado por um gestor escolhido em comum acordo.

O diretor do EEP, Humberto Rangel, que estava acompanhado do gerente da instituição, Márcio Cruz, comprometeu-se a levar o projeto para a próxima reunião de diretoria do Estaleiro para ser estudado, na tentativa de aprovar a proposta.

Para o secretário Eduardo Salles, a construção da indústria especializada em beneficiamento de carne de fumeiro e derivados de suíno será um marco histórico no município que tem tradição na produção de carne de fumeiro. A implantação da indústria vai diminuir os custos, otimizar a produção e a comercialização do produto, que terá qualidade comprovada. ?Esse é um projeto de natureza sustentável, que vai mudar a realidade dos produtores, garantindo emprego e renda?, disse. 

O projeto contará com a colaboração do Sebrae na orientação da gestão, na construção de um plano de negócios e na capacitação dos produtores. Está previsto também, a instalação de pontos de vendas dos defumados na frente da unidade de beneficiamento, que será contemplada pela localização estratégica, de grande movimento, visibilidade e fluxo de veículos. ?Nossa proposta é dar sustentabilidade à cadeia da carne suína, combater o abate clandestino e assegurar a oferta de alimentos seguros à população, aliados à sustentabilidade ambiental, social e econômica.?, enfatizou o diretor-geral da Adab.

Maragojipe possui 200 pessoas envolvidas diretamente na produção de defumados e aproximadamente 600 indiretamente. Atualmente são produzidos cerca de 30 toneladas de carne suína por semana, com destaque para o fumeiro, o equivalente a 1200 suínos por mês, em 14 fabricos. A capacidade de abate inicial do projeto da indústria de beneficiamento foi estabelecida superando o volume atual produzido, que será inicialmente de 70 suínos por dia.  Com a otimização da produção, a carne de fumeiro, referência em todo o Brasil, poderá ser até exportada. A indústria beneficiará o aproveitamento de todas as partes do suíno, processando também os derivados da carne, favorecendo inclusive as ?fateiras? que utilizam os miúdos. ?Conversei com a produtora de sarapatel Célia Santana de Jesus, que há 30 anos trabalha de forma artesanal na atividade, e comercializa o quilo do kit para sarapatel por R$ 6,00, produto revendido nos grandes mercados em Salvador, por R$18,00. A adoção da tecnologia da indústria vai aumentar o valor agregado do produto, e garantir maior lucro para esses pequenos produtores?, disse Salles.

Para Simone Santos, uma das representantes dos comerciantes de carne de fumeiro de Maragogipe, responsável por organizar a cooperativa de produtores de defumados da região, chamou a atenção para a importância de organizar a produção. ?A maioria das famílias tem o sustento na produção de carne de fumeiro e derivados de suíno, por isso estruturar essa produção é garantir estabilidade para o futuro dessas pessoas?, enfatizou a produtora.

O secretário ressaltou que Maragojipe possui três vertentes econômicas importantes, são elas a produção de carne de fumeiro e derivados de suíno, a pesca e produção do inhame. ?Além dos defumados, temos projetos na secretaria que também podem ser implementados para fomentar essas duas atividades produtivas potenciais em Maragogipe?, finalizou Salles.

Também participaram do encontro o chefe de gabinete da Seagri, Jairo Carneiro; o secretário de governo de Maragogipe, Gilberto de Almeida; o vice-prefeito do município, Adhemar Novaes, e o diretor de inspeção da Adab, Adriano Bouzas. (Ascom)



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