Estão sendo ofertadas pela Gerência de Bibliotecas da Fundação Gregório de Mattos (FGM) nos espaços de leitura municipais, oficinas de trança e saraus, como parte da programação de outubro. Nesta quinta-feira (5,) a Biblioteca Denise Tavares, localizada na Liberdade, recebeu 20 adolescentes para uma aula sobre a tradição de penteados. A oficina “Arte do Orí – Uma vivência acerca do Patrimônio Cultural Imaterial” proporciona uma experiência imersiva na tradição das tranças, além de promover o uso da biblioteca como um recurso comunitário.
Uma das primeiras inscritas na oficina, foi Isabela Dias, 12 anos, residente na Travessa São Paulo. Enquanto trançava o cabelo de sua colega, Isabela expressou sua alegria em aprender a técnica. “Levo jeito. Desde criancinha que já fazia os penteados nos cabelos das bonecas. Tem mais ou menos uns dois anos que tranço os cabelos da minha irmã e das primas. Agora com o que aprendi aqui, quem sabe não consigo ganhar um dinheirinho”, brincou.
Para a professora de História e trancista desde os 12 anos, Catarina Lima, as oficinas têm um grande valor para as adolescentes. Ela acredita que esses ensinamentos resgatam aspectos históricos e fortalecem a autoestima das jovens. “Começamos aqui de maneira lúdica, mas de repente pode sim ser uma fonte de renda”, diz.
Antes de iniciar as práticas sobre como trançar cabelos e incorporar fibras para criar penteados, a professora destacou a importância histórica dessa técnica para a resistência negra à escravidão.
“Muitas vezes o cabelo era trançado como um mapa com caminhos para os quilombos. A trança acaba tendo um papel importante de resistência e sobrevivência das nossas negritudes”, explica.
Entre as adolescentes, estava Elida Rocha, dona de casa de 54 anos. Quando questionada sobre o motivo de sua participação na oficina, ela mencionou que estava buscando aprender a trançar o cabelo de sua própria filha. “Acho tão bonito. Agora eu mesma vou fazer”, afirma.
As oficinas também serão realizadas nas bibliotecas Nair Goulart (Valéria) e Professor Edgard Santos (Ribeira). O ponto alto do projeto será a apresentação dos trabalhos de seis instrutoras trancistas no dia 22 de novembro, em horário e local a serem definidos.
