‘Não tenha medo da vacina, tenha medo da doença’, diz médico da Sociedade Brasileira de Imunização

O médico infectologista e primeiro-secretário da Sociedade Brasileira de Imunização (SBI), Renato Kfouri, comentou a corrida pela vacina contra o coronavírus e a estratégia de vacinação do governo brasileiro. Segundo ele, embora exista disputa política e desinformação sobre a eficácia e origem dos imunizantes, a vacinação segue como fio de esperança para a sociedade brasileira.

“É o cenário possível na falta de um tratamento específico para nós controlarmos e modificarmos o curso desta pandemia. Felizmente as vacinas veem mais uma vez para modificar a humanidade e resolver o problema da humanidade, como foi com a febre amarela, sarampo e paralisia infantil. As vacinas mostram seu valor e sua capacidade de transformar a saúde de um país e do mundo”, disse o especialista, em entrevista na Rádio Metrópole hoje (18), durante o Jornal da Bahia no Ar.

Segundo Kfouri, mesmo sem a existência de um medicamento 100% eficaz, é necessário se avaliar o contexto da aplicabilidade destas vacinas para a população em geral. “Infelizmente, não existe uma vacina 100%. Quando vacinamos contra o sarampo, por exemplo, é uma das melhores vacinas nossas. Uma dose protege 93% dos vacinados. Quando dá a segunda dose, passa para 97%. Existem aqueles 3% que não vão responder, é do organismo de cada um. Tem vacinas, inclusive, que têm uma eficácia perto de 60%. É a vacina da gripe, por exemplo. Se você tem uma doença que tem uma carga tão grande como a gripe, que mata e hospitaliza tanta gente, você reduzir 60% do número de visitas a gripe leva ao hospital e uso de antibióticos, é um benefício enorme em saúde pública”, comentou.

Ainda de acordo com o médico, parte da descrença em torno das vacinas atuais parte de uma ideia equivocada de que as doenças não existem mais. “O que motivava a manutenção do calendário em dia e o apreço pelas vacinas está muito vinculado à percepção de risco. Essa nova geração de pais não conviveu com sarampo, difteria, coqueluche e não sabe nem o que é. Se perguntar, não tem nem ideia. A percepção, curiosamente ou paradoxalmente, é que a própria vacina é vítima de si mesma. Ela elimina as doenças e as pessoas acabam dizendo ‘para quê que eu vou me vacinar, não tem nem essas doenças’. Esse é o grande desafio da vacinação, que é continuar convencendo as pessoas a se vacinarem, mesmo sem a doença acontecer”, disse o médico.

Provocado por MK, Renato Kfouri deixou um recado para a população que está ansiosa pela vacinação e para quem duvida da eficácia dos imunizantes. “Esqueçam essa briga política, se é vacina do governador, do presidente, da esquerda, da direita ou de onde ela vem. Não importa. Só vamos ter vacinas no nosso país se elas passarem por todos os crivos de segurança e estudos de eficácia. Se uma vacina for disponibilizada, pelo governador, prefeito ou programa nacional de imunizações, é porque ela foi licenciada para o país. Ela se demonstrou e eficaz. Não tenha medo da vacina, tenha medo da doença. Deixa essa discussão para os políticos e vamos nos vacinar”, finalizou.

*M1



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