por Ailma Teixeira
O conceito de família é mais uma vez posto em cheque, mas na versão de 2016, a lógica é invertida. Se no primeiro filme, é um pai que segue em busca do filho, no segundo, é a criança, que começa lembrando apenas que os pais são “azuis com amarelo”, quem tenta voltar para casa. Perdida há anos, graças ao seu problema de perda de memória recente, Dory é acolhida por uma nova família, mesmo que leve o filme inteiro para reconhecer Nemo e seu pai como tal.
Jenny e Charlie cumprem bem o papel de pais: amam, cuidam, se preocupam. Mas na sua trajetória de volta ao caminho das conchas roxas, a protagonista passa pelos três “R” narrados por Marília Gabriela e, em meio às situações inusitadas, vai se lembrando e entendendo que família pode ser muito mais do que isso. No resgate, Dory é levada do Mar Aberto para a Quarentena, onde conhece o polvo Hank. De vilão a companheiro de viagem, o polvo protege e acompanha Dory como um irmão mais velho. Já na reabilitação, há o barulhento reencontro com Nemo e o ressentido Marlin e, no retorno, Dory recebe ajuda dos amigos para achar o caminho de casa e seus pais.
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Além de apresentar personagens interessantes, o roteiro é bem sucedido em caracterizar a personagem com um problema real, como sua perda de memória recente e a não citada dificuldade em prestar atenção. Geraldo, por exemplo, encarna bem o papel de bobo da turma, sendo alvo de brincadeiras e “trollagens” por parte dos outros bichos, o que gera muitos risos ao longo do filme. Porém, a repetição da trama não deixa muito espaço para os novos ou velhos personagens se destacarem. Mesmo Dory, que é eficaz em ser “fofa”, não chega perto do apelo de Nemo.
O filme, entretanto, não é de todo um desperdício. Deixando de lado os riscos, Andrew Stanton e Angus MacLane retratam o fundo do mar com a mesma sensibilidade do trabalho feito por eles no primeiro longa. O maior problema da trama, que está em cartaz no Cine Cinépolis Bela Vista, no Shopping Bela Vista, e Salvador Norte Shopping, em Salvador, é justamente a sombra do trabalho que a precedeu. Situado um ano depois do resgate de Nemo, “Procurando Dory” só reforça o brilhantismo da produção original, que não precisava ser revisitada.
(Bahia Notícias)