Cinco clientes conseguem na Justiça bloqueio de R$ 705 mil e até de criptoativos do ‘faraó dos bitcoins’

Foto: reprodução

As ações de clientes da GAS Consultoria contra a empresa continuam se avolumando na Justiça do Rio. Nos processos, investidores que acreditaram nas promessas de lucro fácil oferecidas pelo ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, preso sob a acusação de comandar um esquema de pirâmide financeira, pedem o cancelamento dos contratos e o ressarcimento dos valores aportados. Na decisão mais recente, tomada nesta sexta-feira, a 4ª Vara Cível determinou o bloqueio, em contas vinculadas à GAS, de R$ 705 mil investidos por cinco moradores da Barra da Tijuca, que moveram uma ação conjunta.

Com o novo arresto, o valor total associado a Glaidson retido por ordens judiciais já é de pelo menos R$ 1 milhão. A medida imposta pela 4ª Vara Cível, porém, inclui um artifício inédito no caso. Isso porque também foi concedido “o bloqueio de criptoativos junto à principal corretora” do gênero no país, conforme consta na decisão.

Embora prometesse aos investidores rendimento de 10% ao mês mediante supostas transações com criptomoedas, a GAS Consultoria não tinha sequer, segundo o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), registro junto aos órgãos regulatórios para fazer as operações.

Ao deferir a tutela de urgência e ordenar os arrestos, o juiz responsável pelo processo frisou a prisão de Glaidson, conhecido como ‘faraó dos bitcoins’, e o fato de que Mirelis Yoseline Diaz Zerpa, esposa do ex-garçom e considerada foragida, “fugiu do Brasil”. A venezuelana embarcou do Rio de Janeiro para o México no dia 30 de junho e, pouco depois, seguiu para Miami, nos Estados Unidos, onde — acreditam os investigadores — permanece até agora. Glaidson, por sua vez, foi o principal alvo da Operação Kryptos, desencadeada no dia 25 de agosto, e encontra-se atrás das grades desde então.

— Represento diversas vítimas e consegui decisões para bloquear os valores dos investimentos. É importante ressaltar que milhares de pessoas em todo estado do Rio estão desesperadas, pois venderam todos seus bens e contraíram empréstimos para investir na empresa — afirma o advogado Daniel Blanck, especialista em Direito Civil, que representa os moradores da Barra no processo.

O grupo é formado por dois empresários, uma pensionista, uma nutricionista e um advogado. Cada um investiu montantes totais que vão de R$ 40 mil a R$ 385 mil, totalizando os R$ 705 mil descritos na ação. Os aportes ocorreram entre janeiro deste ano e 16 de agosto, menos de dez dias antes da operação que desbaratou o esquema.

— Estou frustrado e me sinto lesado, é claro. Mas prefiro tratar de uma forma mais racional e buscar o ressarcimento pela Justiça, até porque essa empresa, independemente da lisura que tenha ou não, já derreteu. Eu quero apenas garantir que terei de volta o dinheiro que eu investi — conta um dos empresários, de 35 anos, que diz ter chegado à GAS Consultoria após várias recomendações de “pessoas de extrema confiança”: — Eles tinham contratos antigos, e garantiam que sempre receberam em dia. Acreditei que se tratavam realmente de investimentos em bitcoins, que podem mesmo ser muito lucrativos. Achei que eram experts no assunto, e não me pareceu, de modo algum, um esquema de pirâmide.

A crença de que se tratava de uma operação legítima também aparece no texto da ação movida pelo grupo contra a GAS. “Os autores, de boa-fé, acreditavam que estavam investindo em empresa séria, com lisura e, principalmente, atuação lícita na área de investimentos em criptoativos”, sustentam os advogados. “No entanto, (eles) foram surpreendidos com notícia que ganhou grande repercussão nacional sobre a prisão do fundador da empresa”, prossegue a petição.

A defesa dos cinco investidores alega ainda que, depois que Glaidson foi parar na cadeia, os representantes da empresa “pararam de responder” aos contatos e afirmaram que “a devolução do valor investido não seria possível, em função das disposições contratuais”. Mais à frente, os advogados continuam: “Portanto, tendo em vista as acusações dos órgãos fiscalizadores, e todos os fatos ora narrados e noticiados, é necessário que se declare a nulidade do contrato firmado entre as partes”.

Além da anulação dos acordos e da devolução dos valores aportados, os cinco investidores também pedem, no processo, uma indenização por dano moral no valor de R$ 10 mil para cada um. A defesa do grupo cita como argumento para tal “as condutas altamente reprováveis dos réus — irregularidades operacionais financeiras e enriquecimento sem causa”, que teriam gerado grave dano aos autores da ação.

*Extra


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