Aluna diz que foi barrada em colégio por usar turbante

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Uma estudante do Colégio Estadual Presidente Costa e Silva, na Ribeira, em Salvador, afirma ter sido vítima de discriminação por conta do uso de um turbante. Segundo Laís Correia, 16 anos, estudante da 3º ano do ensino médio, a agressão foi cometida pelo vice-diretor da unidade de ensino, o professor de prenome Celso.

“Quero relatar a minha indignação pela humilhação que passei na manhã de hoje [terça, 29]. Fui barrada no portão e submetida a um constrangimento enorme na frente dos meus colegas”, desabafou a aluna, em uma mensagem publicada em uma rede social.

Ainda segundo a adolescente, ela ainda tentou diálogo com o professor Celso, afirmando que usava o acessório por se sentir mais “à vontade”. O educador, no entanto, retrucou Laís, informando que a escola não é Carnaval e que, por isso, não poderia permitir um aluno entrar com a cabeça coberta, de acordo com o relato da estudante.

“Eu o alertei dizendo que ele estava me discriminando racialmente, mas ele alegou que eu estava me apropriando de uma cultura que não é a minha e que eu não deveria aumentar meu tom de voz, pois ele era o vice-diretor e eu uma apenas uma mera aluna”, disse Laís.

A situação comoveu centenas de estudantes, que criaram o ‘Turbanaço’. Nas redes sociais, a mobilização contou com diversas fotos de turbantes em apoio à Laís. Algumas imagens foram feitas na unidade de ensino.

A reportagem do Portal A TARDE entrou em contato com o colégio, em busca de um posicionamento do vice-diretor, no entanto, foi informado que o mesmo se encontrava em uma reunião e que não poderia falar.

Secretaria de Educação

Na manhã desta sexta-feira, 1°, a Secretaria Educação do Estado divulgou uma nota sobre o caso. Segundo o órgão, “em relação à reclamação da estudante do Colégio Estadual Costa e Silva, a direção da unidade escolar informa que: a proibição de acesso da estudante à unidade escolar não procede”.

A SEC ainda informou que, “seguindo as orientações da Portaria nº 0557/2011, o vice-diretor questionou os motivos dos estudantes utilizarem o fardamento escolar de forma descaracterizada e a estudante em questão alegou satisfação própria. O vice-diretor orientou sobre uso do uniforme padrão e a estudante decidiu, por conta própria, retirar-se da escola”.

A secretaria ainda esclareceu que “a Portaria nº 0557/2011 fixa como uniforme padrão para os estudantes, as camisas oficiais distribuídas gratuitamente, calça azul, tipo jeans escuro ou similar e calçados, preferencialmente fechados” e que  “o uso de peças do vestuário ou adereços para compor a farda dos estudantes da rede estadual só é permitido por motivos de etnia ou religião do estudante, além dos casos de saúde. Estes motivos não foram alegados pela estudante em questão”.

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Nota escrita por Laís, em repúdio ao vice-diretor do Costa e Silva

“Quero relatar a minha indignação pela humilhaçao que passei na manhã de hoje no Colégio Estadual Presidente Costa e Silva.  Fui barrada no portão e submetida a um constrangimento enorme na frente dos meus colegas, amigos e funcionários por usar um turbante!

Sim, o vice-diretor me impediu de entrar na UE e ainda me desrespeitou como estudante e acima de tudo como pessoa. Me senti extremamente ofendida, envergonhada e humilhada na frente de colegas, amigos e funcionários quando ele perguntou “Qual o motivo do seu torço?” Eu disse: coloquei porque quis, me senti a vontade. Ele retrucou: Você não pode entrar se não por um motivo religioso, a escola não é carnaval e não posso permitir um aluno a entrar com a cabeça coberta.

EU O ALERTEI DIZENDO QUE ELE ESTAVA ME DISCRIMINANDO RACIALMENTE E ELE ALEGOU QUE EU ESTAVA ME APROPRIANDO DE UMA CULTURA QUE NAO ERA MINHA E QUE EU NÃO DEVERIA AUMENTAR O MEU TOM DE VOZ POIS ELE ERA O VICE-DIRETOR E EU APENAS UMA MERA ALUNA.

Não quero comoção de ninguém muito menos despertar a fúria, quero apenas que ele tome conhecimento dos meus direitos como estudante e acima de tudo como pessoa. Ele não pode nem nunca pôde impedir ninguém de entrar na escola por ela ser um espaço público onde qualquer pessoa com qualquer raça, gênero ou cor tem direito de entrar”.

O meu caso é só mais um e se os demais que venham a passar por isso se calarem isso irá se repetir por milênios! O meu torço deve ser aceitado independente de eu ser candomblecista ou não. Essa regra deve ter mais de 100 anos, nós já estamos em 2016 e isso é lamentável! (A Tarde)



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