Tradicional lavagem baiana na França pode acabar devido à dívida da Bahiatursa

Uma das principais exposições da cultura baiana e brasileira no exterior, a Lavagem de La Madeleine, pode não acontecer neste ano após 16 anos de tradição. O motivo seria uma dívida da Bahiatursa com a Associação Viva Madeleine. Através de uma carta, o presidente da associação, Roberto Chaves, revela a existência de um débito há oito meses do órgão baiano de turismo.
Em contato com um site, Chaves detalha que o valor da dívida é de R$ 300 mil, que seriam direcionados aos pagamentos dos fornecedores da Lavagem, como som, iluminação, montagem de palco e estrutura, equipe técnica, entre outros. “Estamos devendo todo mundo e os fornecedores não acreditam que estamos sem receber há quase um ano. Precisamos renovar o avará e contrato para fazer a Lavagem de novo esse ano, mas devendo os fornecedores não tem como. Assim, a Lavagem vai acabar depois de 16 anos”, desabafa.
O presidente conta também que há um mês recebeu uma carta da prefeitura de Paris, “informando que se a Associação não pagar os débitos com os fornecedores da ultima edição 2016, infelizmente os acordos de parceria não poderão ser renovados”. Segundo ele, sem receber, os fornecedores passaram a entrar em contato com a prefeitura de Paris, que agora intermedeia a cobrança.
À reportagem, Chaves afirmou que conseguiu quitar alguns débitos do evento, que tem custo aproximado de R$ 2 milhões, com o pagamento da Embratur, mas com a ausência dos valores da Bahiatursa, fica inviável regularizar toda situação. O organizador também não esconde a insatisfação com a atual situação. “Estou fazendo isso com o coração partido. A Bahia já me ajudou muito. Mas, não podemos deixar a Lavagem acabar e essa é a única coisa que posso fazer, contar com a mídia para me ajudar nessa situação e ajudar a manter a tradição. Já tentei de todas as formas receber os valores para pagar os fornecedores, mas não tive sucesso em nenhuma das tentativas”. Clique aqui e leia a carta de Roberto Chaves na íntegra.
Site entrou em contato com o presidente da Bahiatursa, Diogo Medrado, que se mostrou ciente do débtio junto à Associação, e afirmou que os valores estão dentro da programação do órgão para pagamentos, mas que ainda depende da liberação da Secretaria da Fazenda (Sefaz). Questionado sobre um prazo para quitação da dívida, ele disse não ter como especificar, mas que o assunto está sendo tratado com prioridade.
Enquanto isso, a três meses do evento, previsto para acontecer em setembro, os organizadores ainda não sabem o que fazer para receber a liberação da prefeitura de Paris para que a festa aconteça. “A situação é delicada. Não sabemos mais como proceder. Sem pagar o que devemos, não teremos a liberação e será impossível dar continuidade à essa festa tradicional, que valoriza a cultura baiana e vende a Bahia para toda a Europa”, disse o presidente da Viva Madeleine.
Sobre a Lavagem 
O evento, que reúne mais de 30 mil pessoas nas ruas, entre franceses e brasileiros, nos quatro dias de programação, é considerado um dos maiores festivais de cultura brasileira no exterior, e reproduz a Lavagem do Bonfim, nas ruas de Paris, entre a Republique e a Praça da Concórdia.
Conta com apoio de diversas marcas, empresas e órgãos, como por exemplo, Unesco, Embaixada do Brasil na França, Governo do Estado da Bahia, Prefeitura Municipal de Salvador, Prefeitura Distrital de Paris, Embratur, Galeries Lafayette, Air Europa, entre outras.
No ano passado, com o tema “Sua majestade, O SAMBA”, recebeu o secretário de Cultura da Bahia, Jorge Portugal, além de outras personalidades da cultura brasileira e francesa, e contou com show de abertura de Caetano Veloso. Em anos anteriores, a Lavagem teve nomes como Carlinhos Brown, Márcio Victor, Daniela Mercury, Margareth Menezes, Mariene de Castro, e muitos outros entre as atrações.
*BocãoNews


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