Dilma pode cair, mas e o sistema político, fica em pé?

Por qualquer ângulo que se olhe a situação de Dilma é ruim, muito ruim. Um governo que parece ter acabado antes do tempo. Independentemente do resultado do impeachment, em abril. Se a votação fosse hoje é provável que o governo perdesse no plenário.

Já não se discute mais o tal crime de responsabilidade da presidente. Até a oposição sabe que as tais pedaladas são um argumento falho. Se é assim, um punhado de governadores teria que pedir o chapéu. No Rio Grande do Sul e no Rio se vem pedalando há meses os salários de servidores, por exemplo.

Até abril, quando o impeachment deve ir a voto, é provável que os parlamentares consigam formular um argumento político-jurídico para justificar o fim. No momento o ponto central é a (in) governabilidade.

Mas, destituída Dilma, o que viria depois?

Para onde quer que se olhe o cenário é nublado. Temer presidente é tão apetitoso quanto um pedaço de pizza fria. Na última pesquisa Datafolha 70% declararam que fará um governo Ruim/Péssimo ou Regular. Ele, como qualquer presidente, terá que lidar com ao menos uma dezena de partidos para garantir que as coisas andem. O quadro é tão gelatinoso que um partido como o PMB – da Mulher Brasileira, criado em novembro – tem uma bancada na Câmara que é metade da do PSDB ou um terço da do PT.

Esta semana Serra e Aécio começaram a ventilar a aliança PMDB-PSDB para levar o país em uma transição até 2018, com Temer. Os três estarão juntos em um seminário em Portugal no final de março, organizado pelo instituto do juiz Gilmar Mendes.

Com cerca de 120 votos na Câmara tucanos e peemedebistas ainda precisariam angariar o apoio da salada de siglas que compõem o quadro político. Sem elas ninguém governa: SD, PSC, PROS, PHS, PR, PP, ora balançando para um lado, ora para o outro, com seus integrantes, eles próprios, fieis sobretudo a si mesmos.

Como é Eduardo Cunha, o presidente da Câmara e réu no STF, quem tem comando sobre a massa de votos parlamentares, será difícil imaginar um Brasil pós-Dilma sem Cunha. A não ser, é claro, que ele próprio caia até lá, o que não está claro se vai acontecer.

E temos sobretudo a Lava Jato em Curitiba. Ao completar dois anos a Operação vem demolindo a política brasileira. A delação anunciada de Marcelo Odebrecht, se de fato ocorrer, pode ser a bomba atômica no teatro de operações da política brasileira. “Se a Odebrecht falar o que sabe, o Brasil terá que ser refundado”, me disse um amigo experiente que durante décadas trabalhou como executivo no ramo da construção civil.



Veja mais notícias no blogdovalente.com.br e siga o Blog no Google Notícia