Hacker revela diálogo com Bolsonaro sobre possível invasão do sistema das urnas eletrônicas

Walter Delgatti Neto, o hacker da “Vaza Jato”. Foto: Reprodução

Nesta quarta-feira (02), a Polícia Federal conduziu uma nova operação e obteve informações do hacker Walter Delgatti Neto, conhecido por ter sido responsável pela divulgação de mensagens obtidas por meio de invasão de celulares de autoridades. Em seu depoimento à Polícia Federal, Delgatti Neto revelou detalhes sobre um encontro que teve com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada durante a campanha eleitoral, em agosto do ano passado.

“Encontrou o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, tendo o mesmo lhe perguntado se o declarante, munido do código fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica, mas isso não foi adiante, pois o acesso que foi dado pelo TSE foi apenas na sede do tribunal, e o declarante não poderia ir até lá,” disse Walter Delgatti Neto,

O hacker confessou que a reunião teve como tema central a possibilidade de invasão do sistema das urnas eletrônicas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Delgatti Neto, Bolsonaro questionou se ele, munido do código fonte, seria capaz de invadir as urnas eletrônicas. No entanto, o acesso fornecido pelo TSE era restrito apenas à sede do tribunal, o que impossibilitou qualquer avanço nesse sentido.

É importante destacar que, nos últimos anos, Bolsonaro fez ataques frequentes à credibilidade das urnas eletrônicas, embora não tenha apresentado nenhuma prova para embasar suas alegações. Essa postura lhe rendeu um processo no TSE que o declarou inelegível.

O encontro entre Delgatti Neto e Bolsonaro já havia sido noticiado pela revista “Veja” em agosto do ano passado, mas esta é a primeira vez que o hacker revela o conteúdo da conversa. Além disso, ele detalhou que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o havia procurado com a solicitação de invasão dos sistemas do TSE, com o objetivo de “demonstrar a fragilidade do sistema da Justiça brasileira”.

Após não conseguir invadir o sistema do TSE, Delgatti Neto acessou a base de dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e emitiu um mandado falso de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Esse ato resultou em uma nova investigação contra ele.

Em relação ao relatório realizado pelo Ministério da Defesa durante as eleições do ano passado, que tinha como objetivo verificar a confiabilidade das urnas eletrônicas devido às pressões de Bolsonaro sobre o assunto, Delgatti Neto admitiu em seu depoimento que forneceu informações às Forças Armadas para a elaboração desse relatório. O documento, contudo, foi considerado inconclusivo e não conseguiu descartar possíveis riscos à segurança das urnas eletrônicas.

“Tudo que foi colocado no relatório das Forças Armadas foi com base em explicações do declarante,” disse Delgatti Neto.

Diante desses acontecimentos, o ministro Alexandre de Moraes decretou nova prisão preventiva de Delgatti Neto e ordenou busca e apreensão contra a deputada Carla Zambelli. Ambos são acusados de contribuir para a disseminação de notícias fraudulentas sobre as condutas dos ministros do STF, do TSE e contra o sistema de votação no Brasil. O caso continua sendo investigado pela Polícia Federal para esclarecer os detalhes e responsabilidades envolvidas.



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