Nem rir, nem chorar, mas se posicionar (com consciência)

A votação na Câmara de Deputados, pela admissibilidade do impeachment da Presidenta Dilma, tem causado inúmeras manifestações, Brasil afora, principalmente nas redes sociais. Destaque para as postagens criativas, onde mensagens, áudios e vídeos criticam, de forma satírica, a postura irresponsável e inconsequente da maioria dos nossos representantes no Parlamento Federal. Confesso que ri muito e até compartilhei algumas das postagens. Que bom que o povo percebeu o perfil dessa Câmara, em sua maioria, racista, homofóbica, preconceituosa e mercenária, sem compromisso com as causas da maioria da população.

Entretanto, o caso é de chorar, só em saber que esses irresponsáveis estão lá por muitos mandatos decidindo sobre pontos de nossas vidas, como salário mínimo, impostos, código penal, programas sociais, aposentadoria, acesso a terra e tantos outros. Esse é o Parlamento Brasileiro, motivo de chacota até no exterior, mas que em sua maioria, representa o grande capital, os latifundiários do agronegócio, os fabricantes de armas, os empresários ligados a FIESP… A atual legislatura é a mais reacionária dos últimos tempos, posicionando-se sempre contra todos os direitos democráticos, duramente conquistados.

Confesso que me lembrei do comportamento de muitas Câmaras de Vereadores do interior do Brasil, onde existem também as negociatas, os interesses próprios e a chantagem constante. O cenário é muito parecido, onde alguns “edis” dominam, conspiram e manipulam e outros se propõem a balançar a cabeça, ganhando em troca vantagens e conveniências. Vejo em Eduardo Cunha a tradução de outras figuras conhecidas, que usam o Regimento da Casa e o poder conforme suas conveniências para se safar de processos diversos, além de enriquecer, de forma um tanto suspeita. Muitos são os casos semelhantes por ai.

Graças ao nosso voto, existem também, parlamentares e políticos sérios, com mandatos a disposição das lutas do povo, que combatem os maus feitos, que fiscalizam as contas e que apresentam projetos de melhoria de vida da população, principalmente para a população que tem como única renda o fruto do seu árduo trabalho. De um modo geral, assim como os que estão em Brasília, são poucos os políticos que não se vendem e não se corrompem, muito menos são hipócritas que evocam o nome de Deus e da família em vão. Não nos esqueçamos, somos nós que os elegemos, tanto os sérios quanto os picaretas.

Atentemo-nos! Em outubro teremos eleições municipais e elegeremos vereadores e prefeitos. Temos, portanto, a oportunidade de alterar esta realidade, escolhendo mais candidatos com reconhecida história de vida, lastreada na ética, na honestidade, nas lutas populares, além de representarem projeto coletivo de transformação social, que beneficie a maioria, contrapondo-se aos projetos individuais dos poderosos e afortunados. Vamos votar para elegermos quem faz da política um ato de servir e não servir-se dela em prol de benefícios pessoais.

Embora eu defenda como princípio de vida, a alegria e o bom humor, acredito que não adianta só identificarmos as inconsequências de nossos políticos, protestar contra eles, fazermos piadas com seus atos e continuarmos a referendá-los nas urnas com nosso voto, dando-lhes um passaporte de poder em Brasília ou em qualquer canto do Brasil, para rirem da nossa cara à custa de nossas mazelas. É preciso que cada um de nós compreenda e viva o real significado de ser político, aquele ou aquela que se relaciona e que participa.

Professor Clovis Esequiel



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