Salvador: rato e água suja assustam banhistas no Porto da Barra

Foram apenas 10 minutos de chuva, mas suficientes para que, das duas saídas de galeria na parede do Porto da Barra, jorrasse um líquido escuro e fétido. Na areia da praia, formou-se uma enxurrada que deixou um rastro de sujeira em direção ao mar e espantou banhistas que curtiam a quinta-feira ensolarada.

Enquanto a água suja escorria e banhistas recolhiam filhos e pertences do raio de alcance, uma surpresa causou ainda mais alvoroço: um rato surgiu na areia da praia em meio à agua.

Ao tentar escapar, o animal foi atingido com um golpe de haste de sombreiro e, em seguida, por um coco. Diante da cena, uma veterinária chorava e pedia, em vão, que o rato fosse poupado. A ocorrência causou revolta e indignação em frequentadores do local e barraqueiros.

“O rato estava surfando. Isso é a Barra. Nunca, em toda minha vida, vi um absurdo desse. Está todo mundo assombrado”, reclamou a aposentada Elizabete Uzêda, 73.

“Querem retirar barraqueiros e baianas da praia, mas ninguém vem resolver isso. Como é que desce água da chuva suja desse jeito? É esgoto. Isso ocorre  há muito tempo”, acrescentou a ambulante Priscila Bastos, 33.

Acompanhado das filhas, de 3 e 11 anos, e de uma cunhada de São Paulo, o empresário Marcelo Alvarez interrompeu a diversão na praia. “Se fosse só a chuva, a gente ficaria, mas com essa porcaria não dá.  Uma chuvinha e desce essa água com esgoto. Dá vergonha  trazer um turista para cá”, afirmou.

O secretário municipal de Infraestrutura e Defesa Civil, Paulo Fontana, disse que água fétida não é pluvial, cuja rede é de responsabilidade da prefeitura, mas que vai “verificar o ocorrido”.

“Água de chuva que desce é limpa. Você pode abrir a boca e beber. Se desce fétida, é porque contém esgoto. A Embasa, muitas vezes, joga o sistema de esgoto na rede pluvial”, disse Fontana, referindo-se à água que arrasta detritos das ruas e desce pela rede pluvial.

Em nota, a Embasa afirmou que “a presença de esgoto no efluente que saiu de duas galerias no Porto da Barra, durante as chuvas na manhã desta quitna, é resultante de ligações clandestinas de alguns imóveis na rede de drenagem de águas pluviais”.

Riscos:

O coordenador de monitoramento ambiental e de recursos hídricos do Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio, ressaltou a orientação de se evitar o local.

“Risco sempre há. O que indicamos aos banhistas é que não frequentem locais onde há línguas negras (manchas de esgoto no encontro com o mar). Com o hábito de não jogar  lixo nos locais adequados, esses casos tendem a se tornar frequentes”, acrescentou.

Conforme Eduardo Topázio, o lixo e os restos de comidas atiradas nos bueiros atraem roedores que se alimentam destes resíduos.

De acordo com o médico infectologista Carlos Brites, os banhistas que entrarem em contato com os dejetos  correm o risco de adquirir diversas doenças.

“A água da chuva apresenta risco pequeno de contaminação, mas quando cai na terra, infiltra no solo ou corre pelo chão já está contaminada de alguma forma”,  explicou. (A Tarde)



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