Em entrevista, Eduardo Bolsonaro ataca urnas e compara Brasil com ditaduras

Foto: reprodução

Em entrevista ao apresentador norte-americano Tucker Carlson, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro se tornou inelegível por ter criticado o sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro foi declarado inelegível em dois processos, um por abuso de poder político e uso abusivo dos meios de comunicação, e outro por abuso de poder político e econômico.

“Uma das razões pelas quais meu pai se tornou inelegível foi porque ele teve uma reunião. (…) Foi considerado inelegível por ter reunião com embaixadores onde discutiu o sistema eleitoral no Brasil, suas funções e criticou pontos”, disse.

TSE viu abuso de poder

Segundo decisão da Corte, na reunião de Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada em julho de 2022, o então presidente cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

De acordo com os ministros, Bolsonaro defendeu diante dos embaixadores uma pauta pessoal e eleitoral a três meses da eleição usando-se da posição de presidente da República para isso.

Para o presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, a reunião como chefe de Estado serviu para “autopromoção do candidato” e para atacar o sistema eleitoral.

A reunião foi transmitida pela TV Brasil, emissora de caráter público, o que configurou o uso indevido dos meios de comunicação.

Cármen Lúcia falou em risco para a democracia

Em seu voto, a ministra destacou as falas de Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral durante a reunião.

“Isso tudo de desqualificar, essa consciência de perverter, faz com que não apenas o ilícito tenha acontecido, mas coloca em risco a normalidade e a legitimidade do processo eleitoral e, portanto, da própria democracia”, disse.

Inelegibilidade por abuso de poder político e econômico no 7 de Setembro . Em outro processo, o ex-presidente foi declarado inelegível junto com seu candidato a vice na chapa à reeleição, Walter Braga Netto.

O TSE também reconheceu a prática de conduta vedada a agente público e determinou o pagamento de multa aos dois (leia aqui).

Para os ministros, Bolsonaro e Braga Netto usaram a data comemorativa como ato de caráter eleitoreiro, utilizando-se da estrutura da Presidência da República para isso.

O deputado federal também levantou suspeitas sobre a lisura das eleições de 2022 no Brasil, e disse que as urnas eletrônicas não permitem recontagem de votos, o que não é verdade.

“Não posso acusar que as eleições foram fraudadas, mas eles também não podem provar que não foram”, disse.

“Se usam máquinas para votar sem ter uma forma de ao menos recontar os votos, devemos confiar 100% no sistema. Então, eles não permitem mais transparência na eleições”, completou.

Observadores internacionais da OEA (Organização dos Estados Americanos) que acompanharam as eleições no Brasil, emitiram parecer em que constataram a segurança e eficiência das urnas eletrônicas e reconheceram a vitória do presidente Lula no pleito de 2022 (leia aqui).

Em auditoria finalizada em dezembro do ano passado, o TCU também confirmou a lisura do processo eleitoral e das urnas eletrônica.

O TCU checou 9 milhões de informações de 4.577 boletins de urna físicos e comparou com os dados de totalização de votos disponibilizados pelo TSE.

Ao contrário do que afirma o parlamentar, é possível conferir os votos de cada urna eletrônica a partir do Boletim de Urna (BU), que é impresso ao final da votação.

É possível compará-lo com as informações disponibilizadas pelo TSE, exatamente como fez o TCU durante a auditoria.

Eduardo Bolsonaro fez comparações do Brasil com ditaduras. Durante a entrevista, ele sugeriu que há perseguição a jornalistas no país, citando Rodrigo Constantino, Paulo Figueiredo e Allan dos Santos.

Os três estão nos EUA e são investigados por disseminação de fake news e por incitar ataques antidemocráticos.

Tucker Carlson é um ex-comentarista da Fox News, influente da extrema direita americana.

Ele foi demitido da emissora em abril de 2023 depois de um acordo judicial entre a Fox News e a empresa de sistema de votações, acusada pela emissora de fraudar as eleições de 2020.



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