Promotor Julimar Barreto fala da ação do MP que suspende o abate de jumentos em Amargosa

abate

O promotor Julimar Barreto falou sobre a suspensão do abate de jumentos no Brasil para exportação à China.

Ao repórter Antônio Carlos da Rádio Andaiá FM, na manhã desta quinta-feira (10), o promotor explicou que o Ministério Público ingressou com uma ação civil pública para suspender o abate de jumento em Amargosa por ferir a resolução federal.

“A resolução exige o exame de uma doença chamada mormo, que é uma zoonose que pode ser transmitida para os humanos e que tem uma letalidade em torno de 95%. O estado suspendeu esse exame. Então, os trabalhadores do frigorífico, quem lida com os animais no transporte e nos currais tem risco de pegar a doença, além de contaminar outras espécies”, disse.

Abate e exportação

Desde 2016, o Brasil passou a exportar a couro do animal para a produção de um remédio conhecido como ejiao, bastante popular na China.

Não há comprovação científica de que ele funcione, mas, no país asiático, o ejiao é utilizado com a promessa de tratar diversos problemas de saúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual. Ele é consumido de várias maneiras, como em chás e bolos.

De acordo com o promotor, os animais são capturados soltou ou comprados por preços bem irrisórios.

“Não há criação dos jumentos, o que pode levar a extinção da espécie. O jumento é o patrimônio do Nordeste e ajuda muitas famílias pobres a transportar água e alimentos, não podemos permitir que a espécie seja extinta para beneficiar os chineses”, frisou.

Suspensão do abate

Ainda de acordo com ele, a China tem interesse na pele do animal e a carne é exportada para outros países. Ele salienta que agora cabe ao judiciário analisar a ação.

“Espero que o judiciário não demore porque é uma causa importantíssima. Tem uma ação federal que está em trâmite e que houve uma decisão do Tribunal Regional Federal mandando suspender o abate, mas até agora a decisão não foi cumprida”, pontuou.

A medida da Justiça Federal foi tomada por 10 dos 13 desembargadores da Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, na noite da quinta-feira (3/2).

Doença Mormo

O mormo é uma doença infecto-contagiosa dos equídeos, causada pela bactéria Burkholderia mallei, que pode ser transmitida ao homem e também a outros animais. Manifesta-se por um corrimento viscoso nas narinas e a presença de nódulos subcutâneos, nas mucosas nasais, nos pulmões, gânglios linfáticos, pneumonia, etc. Os animais contraem o mormo pelo contato com material infectante do doente: pús; secreção nasal; urina ou fezes.

Os sintomas mais comuns são a presença de nódulos nas mucosas nasais, nos pulmões, gânglios linfáticos, catarro e pneumonia. A forma aguda é caracterizada por febre de 42ºC, fraqueza e prostração; pústulas na mucosa nasal que se transformam em úlceras profundas com uma secreção, inicialmente amarelada e depois sanguinolenta; intumescimento ganglionar e dispnéia. (Informações do Compre rural).

A BBC News fez uma reportagem em dezembro de 2021 a respeito do assunto e você pode conferir abaixo:



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