Enem 2016: Tema da redação é comentado por candidatos do Recôncavo Baiano


O Blog do Valente também ouviu o Professor Doutor em Letras, João Evangelista do Nascimento Neto. Segundo ele, o tema foi inesperado e tira o foco das ações do governo em relação a situação política atual.

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O tema da redação surpreendeu os estudantes que fizeram o segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo, 6.  Muitos disseram ao Blog do Valente que esperavam que fossem abordadas questões políticas, como a corrupção.  No entanto, eles aprovaram o debate sobre os “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”.

Para a estudante Laryssa Dias, 18, que fez a prova em Muritiba,  o tema precisava ser discutido. “É bom saber que, em meio a tantos casos de intolerância, as pessoas possam parar, pensar e rever os seus conceitos.”

A enfermeira Nereida Vieira, 33, fez a prova em Cachoeira e ressaltou que não estava fácil. “Muito extensa, com textos extremamente longos e cansativos. Algumas questões o enunciado tinha 15 linhas”. Para ela, o tema da redação é amplo e, por isso, foi preciso cuidado para não cometer equívocos. “O ponto chave do Enem é o equilíbrio psicológico.”

O Blog do Valente também ouviu o Professor Doutor em Letras, João Evangelista do Nascimento Neto. Segundo ele, o tema foi inesperado e tira o foco das ações do governo em relação a situação política atual. “Depois de uma polêmica gerada pela temática do ano passado [“A persistência da violência contra a mulher”],  e com o perfil do governo vigente, esperava-se que a questão social fosse deixada de lado em prol de um tema mais neutro. Mesmo assim, é bom explicitar que, dentre os temas sociais relevantes, esse é o que menos toca na representação governamental e suas atribuições.”

João Neto chama a atenção para a complexidade do tema, que pode ter confundido muitos estudantes. “O candidato precisou não se deixar levar por temáticas periféricas, como as guerras religiosas em determinados lugares do planeta, já que o tema é bem pontual ao falar de Brasil. Outra questão que pode ter gerado certa fragilidade é a proposta de intervenção, que agora não se materializa com tanta força na atuação governamental, mas, sobretudo, em ações na sociedade, o que inclui escola, ONG, e as próprias religiões, além da família como espaços imprescindíveis de diálogo e ação contra o desrespeito às religiões, o que se dará com uma forte e contínua educação pautada no respeito.”

Já o cientista social e pastor evangélico Cláudio Rebouças, considerou o tema significativo. “A dimensão religiosa também compõe a estrutura da personalidade dos indivíduos sociais. Hoje se fala de se garantir o direito da crença e da não crença. Acredito no diálogo. Penso ser perigoso uma crença hegemônica e homogênea. É preciso garantir a diversidade. A História nos sinaliza que muito sangue foi ( é) derramado em nome da fé, da religião…O fenômeno religioso é complexo e cheio de ambivalências… é preciso que os que delas participam estejam comprometidos na construção da paz. É um caminho árduo, todavia, necessário.”, disse.



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