Bahia investe na produção de cogumelos

Foto: Joá Souza

Dados da Embrapa mostram que o Brasil possui um consumo per capita baixo de cogumelos, em torno de 160 gramas/ano, mas o consumo desses fungos vem crescendo em diversas regiões. Na Bahia, a beira do mar de Itacaré, o cultivar do vegetal vem começando com as benesses do clima e com modo de produção sustentável, utilizando cascas de cacau e pupunha descartadas por agricultores locais, o que permite reduzir custos e aumentar produtividade na região.

Localizada entre duas bacias hidrográficas, a comunidade de Rio de Engenho, em Ilhéus, foi a escolhida para receber cursos e orientação técnica para produzir cogumelos comestíveis com o apoio da Ceplac. A produção ainda não é expressiva, mas tem bom potencial.

Produto derivado

E a Bahia também é responsável por alguns produtos criados à base de cogumelo. Vinicius Figueiredo, pesquisador do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), criou um iogurte feito com pó de cogumelo, que promete diversos benefícios à saúde. Um dos objetivos principais do projeto é estimular o enriquecimento proteico da dieta dos consumidores, visto que o alimento é rico neste tipo de nutriente, com pequenas concentrações de cogumelos sendo responsáveis por benefícios importantes do ponto de vista nutricional.

“A proposta era criar um alimento inovador e nutracêutico, ou seja, composto de bioativos, extraídos dos alimentos, que possuem benefícios para o organismo e que pode até ser utilizado para complementar o tratamento para alguma doença. Produzimos um iogurte natural, enriquecido com diferentes concentrações de cogumelo em pó, pois os seus benefícios para a saúde humana são inúmeros, como o elevado teor proteico, o estímulo do sistema imunológico, entre outros”, destacou Vinicius.

“A adição do cogumelo poderá promover maior diversidade de nutrientes em um único alimento, o que torna a bebida mais funcional, saudável e ainda agrega valor comercial ao produto”, comenta Vinicius, que ressalta a importância do Instituto onde atua para o desenvolvimento da pesquisa com cogumelo.

Com o projeto concluído, tendo conquistado a carta de patente no início deste mês, através do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Vinicius destaca que os resultados do iogurte proporcionaram apresentações em congressos no Brasil e na Espanha, assim como a participação na Reunião Anual dos Dirigentes das Instituições Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Reditec), que acontece no Rio de Janeiro, posicionando o trabalho entre os 40 melhores da rede federal do país.

“Como desdobramento das ações do projeto, outro depósito já foi efetuado junto ao INPI e esperamos obter mais essa carta patente nos próximos meses, o que demonstra a capacidade de inovação que a Bahia, e mais especificamente o IF Baiano possui, o qual está à disposição da comunidade científica e sociedade em geral para produzir conhecimento do mais alto nível”, finalizou.

Consumo mundial

Em comparação com o consumo na França, Itália e Alemanha, o consumo brasileiro é tímido. O consumo per capita nestes países europeus é superior a 2 kg ou com países asiáticos como a China e a Coreia do Sul, que consomem mais de 8 kg de cogumelos por habitante. Falta de tradição e o desconhecimento em relação aos cogumelos e seus benefícios e até mesmo de como prepará-los, são algumas das causas desta situação.

O mercado mundial de cogumelos movimenta US$ 35 bilhões e estimativas apontam para um crescimento de 9% a 12% no volume comercializado até 2021. No Brasil, a maior produção de cogumelos é concentrada no estado de São Paulo, onde aproximadamente 500 produtores movimentam R$ 21 milhões. De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Cogumelos (ABPC), a produção no país gera em torno de três mil empregos diretos.

 

*A Tarde


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